16 de outubro de 2009

Ainda o "nobre" deputado

O Arigatô foi definitivo nos posts abaixo, mas não posso deixar de dizer mais uma ou duas palavras sobre o episódio da doação de dinheiro público para remendar 3 estádios de clubes de futebol.

Os políticos deste país estão se especializando em matar a ética, a probidade e a esperança por melhores dias para nossos filhos e netos. Invariavelmente, quando pegos em estrepulias salta a desculpa esfarrapada: "os outros também faziam isto". Como se um crime de ontem fosse salvo conduto para o crime de hoje. Desta vez não foi diferente. Ao invés de reconhecer o erro quando pego com a boca na botija, "a assessoria" do "nobre" deputado disparou: "Há quem faça sua razão de viver, de ver o mundo, de colocar em cheque seu futuro e de sua família, de se relacionar em sociedade e com os outros e de julgar pessoas e amizades com base no time que torce."

Sabemos que para político hoje em dia, honestidade, probidade, decência, cidadania são conceitos etéreos, quase miragens. Mas acredite "nobre" deputado, a maioria da população brasileira ainda tem ética e é honesta.

É por isto, "nobre" deputado que eu lhe peço: não nos meça pela sua régua.
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Mas foi além o "nobre" deputado. Ele, como bom político inverteu os papéis. De agente de uma proposta indecorosa tentou passar a ser vítima:

"Há uma campanha sórdida e tendenciosa pela internet contra mim porque fiz uma proposta objetiva para a falada Copa do Mundo, que até agora não produziu nada de concreto." Isto escreveram "seus assessores".

Sim "nobre" deputado. Neste ponto seus assessores acertaram. Na segunda parte pelo menos. A sua proposta é bem objetiva. Ela propõe tirar dinheiro público para servir interesses de particulares. Mas daí a V. Excia. ser vítima de uma campanha sórdida é tão longe quanto Porto Alegre de Catuípe. É crime agora neste país dizer a verdade? Se for, "nobre" deputado, encontre o ato criminoso e processe os supostos culpados.

Também seus prepostos escreveram assim "nobre" deputado. Reproduzo para o caso que não tenhas lido o que assinaram em seu nome: "A mentira dita e repetida muitas vezes tende a virar verdade para alguns. É um estilo. E cada um com seu modo de viver a vida ou de avaliar os outros pelo que os outros dizem."

De novo concordamos "nobre" deputado. E por isto estamos rebatendo quase frase a frase esta defesa pífia com que V. Excia. tenta defender o indefensável, justificar o injustificável. E olha que nem vamos perder tempo comentando uma a uma das "verdades" da sua carta. Como aquela, por exemplo, em que seus assessores afirmam que o projeto beneficiaria todos os clubes de 12 estados. Eles apenas esqueceram de usar as palavras "que se ofereceram para sediar a copa" depois da palavra clube. Muda bastante, não é mesmo "nobre" deputado?

Por fim, "nobre e querido" deputado. Se os clubes estão falidos, o problema é deles e de seus sócios. Se, apesar de falidos, querem comer urubu e arrotar peru (para usar um dito popular tão caro aos políticos) o problema passa a ser mais ainda próprio de cada um. Se não podem oferecer seu campo como palco para a copa, não ofereçam. Fazer isto e depois correr chapéu para arrecadar esmola de terceiros fica muito mal.

Então, "nobre e valoroso" deputado, permita um conselho, se não parecer pedante: cuide mais dos seus eleitores. Afinal, entre os eleitores, assim como no futebol, não há mais bobos.
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Enquanto isto ...

Meira, o Boca Mole se excedeu: "Roger não tem a cara do Grêmio." Ele falou. Falou sim. Podem acreditar.
Mas ele não está errado não. A cara do Grêmio de hoje é a cara do Meira. Mole, insossa, amassada, dorminhoca. Preguiçosa.