27 de setembro de 2011

Felipe rides again

O furo do Arigatô sobre as obras do aterro (primeiro veja o post abaixo antes de ler este) motivaram a transcrição de um EDITORIAL da RBS pelo Ronaldo e mais um tijolo espetacularmente lúcido do Felipe. Vão para a capa pela importância.
Não esqueça: veja primeiro o post logo abaixo e depois leia este post.
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O Ronaldo postou:
Olhem o que um isento escreveu na ZH. Mostra que perderam totalmente a vergonha na cara quando se trata de defender o remendo.  

Preço da sensatez
Em 20 de outubro, a Fifa anuncia quais serão as seis sedes da Copa das Confederações de 2013, evento-teste para a Copa do Mundo. Porto Alegre, antes favorita, agora corre risco de não ser uma delas por conta da demora da parceria entre o Inter e a construtora Andrade Gutierrez, que continuará a reforma do Beira-Rio. O Inter espera receber esta semana a minuta do contrato de parceria, que aí segue para debate no Conselho Deliberativo.
Caso a Copa das Confederações não venha, a Capital perde um momento de grande exposição internacional a um ano do Mundial – momento em que as seleções estão empenhadas em decidir onde se instalarão, em 2014, para a pré-temporada, por exemplo. Além disso, a competição da Fifa é transmitida para dezenas de países.
Porém, o problema só existe porque o estádio dos gaúchos para a Copa é particular. Tivesse o Estado decidido construir uma arena para o Mundial, o impasse da parceria colorada, comum em relações empresariais, não existiria e o governo estadual poderia garantir o cronograma.
Mas, em vez dos R$ 30 milhões em incentivos fiscais dados ao Beira-Rio, dos combalidos cofres gaúchos teriam de sair pelo menos R$ 500 milhões para um estádio novo – como em Pernambuco, onde nenhum clube sequer se interessou em assumir a nova arena.
Olhando esses números, a tensão em relação à Copa das Confederações vira um custo mais palatável: é o preço da sensatez.


RODRIGO MÜZELL
Editor de Copa
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Agora o comentário do Felipe
 
Pois é Arigatô, tá faltando o gato, que já subiu nesse telhado. E as últimas dão conta que a parceria do time do aterro com a AG está miando de vez! Aquela queeee parceria.

O mais relevante, embora não menos repugnante, do artigo acima reproduzido, desse Rodrigo Müzell, não é o fato de desconhecer solenemente a Arena. Nem o fato de que fala pela sua empresa jornalística. O mais relevante é o subtexto, é o que se esconde sob o argumento estapafúrdio e tortuoso.

O que este isento faz é o mesmo que os outros vêm fazendo, junto com os chefes morangos. Simplesmente repetem que não há "plano B" para a Copa, que ela será no puxadinho, ou "não será".

Por que então a comparação inusitada com uma hipotética e nunca cogitada construção de uma "arena pública de 500 milhões"? Porque, partindo do argumento recorrente e falso, sempre desamparado de qualquer fonte, segundo o qual a FIFA decidiu pelo Remendão ou nada - a FIFA, na realidade, se chama João Bosco Vaz -, na criativa comparação do isento editor o RS teria muito menor prejuízo com a perda de ganhos com a Copa das Confederações do que se o Estado pretendesse construir uma "arena pública". Ou seja, é certo que o prejuízo com uma praga de gafanhotos no quintal de casa é menor que a de uma bomba de neutrons, só uma coisa nada tem a ver a outra.

É óbvio que o mais racional seria aproveitar a Arena do Grêmio na Copa das Confederações e na Copa do Mundo, seja pelo fato de que será entregue em tempo, seja porque é um projeto incomparavelmente melhor que o Remendão, seja porque o custo em obras públicas para viabilizá-la no novo estádio do Grêmio seria, aproximadamente, a metade do que se gastará, provavelmente, com o puxadinho da beira lago. E, se estivéssemos falando com interlocutores de fato interessados em ouvir, a escolha não poderia recair sobre outro equipamento senão a Arena, porque, ao menos pela concepção modelar da execução das obras da Copa, o ideal projetado seria justamente o de gastos privados com estádios e gastos públicos com obras de mobilidade. Nunca o contrário. Só que não estamos conversando com quem preza pelo razoável e pelo interesse comum.
 
A comparação bizarra e descontextualizada é só uma desculpa antecipada para algo que já se desenha como praticamente certo: Porto Alegre, no dia 21 de outubro, deverá ser descredenciada da Copa das Confederações. E, pelo andar da carroça, já nesta oportunidade, ou noutra próxima, a Copa do Mundo deverá seguir o seu caminho. Não é pouco o que terão de suportar, por absoluta incompetência moranga! O vexame de não poderem receber os jogos que, diga-se de passagem, podem ser mais interessantes que os da Copa do Mundo e provocarem a perda de ganhos dos setores hoteleiro, de turismo e da própria comunicação!

Chega a ser comovente o desprendimento das redes isentas de informação que, por fidelidade à causa rósea, assumirá o ônus de impor perdas financeiras ao RS e a si mesmos, em razão dos negócios que deixarão de acontecer.

O plano, já confessado abertamente pelos dirigentes colorados, é o de garantir a indicação, ao menos, para a Copa do Mundo. Assim, poderiam assegurar as isenções fiscais de cerca de 60 milhões aos Remendão, o regalo de uma substação elétrica de 15 milhões e, além disto, mais de duzentos milhões em obras viárias do seu entorno.

Não importa que, para ganhar estes benefícios, no meio do caminho, o RS tenha perdido todos aqueles investimentos. Os benefícios públicos, como soi acontecer no Brasil, beneficiaria os vermelhos interesses privados.
 
E, efetivamente, neste contexto, a Arena não é "Plano B". É o Plano S. S de sabotagem. Com a metade deste valor, realizar-se-iam as obras viárias- absolutamente indispensáveis - no entorno da Arena. Valores que, aliás, se aí aplicados, retornariam facilmente na forma dos ganhos que serão perdidos caso se mantenha a indicação do Remendão e pela aceleração dos investimentos da OAS, da ordem de 1,5 milhão.

O que se vê, entretanto? Dos cerca de 1 bilhão previstos em obras para a Copa, nenhum centavo está destinado às obras viárias do entorno da Arena, mesmo que isto seja um direito e uma necessidade, já que aquela será, no mínimo, campo de treinos da competição. Pior: revela o "Blog da Arena" que recursos da A.J. Renner, que facilitariam o acesso à Arena, foram realocados em obras na João Pessoa! É um caso incrível e que poucos conhecem, dado o bloqueio da informação. Na história, o poder de estado oprimiu etnias, classes, gêneros. Não se tem notícia que já tivesse sido usado contra um clube de futebol!

O plano S é, então, este já confessado pelos - cada vez mais - amargos. Se não for possível garantir as Copas e seus benefícios, mesmo à custa do prejuízo do público, o Grêmio é que não poderá se beneficiar. A principal tática, além da lobby político negativo, consiste em tentar inviabilzar a Arena por isquemia. Veja-se que absurdo. Enquanto nas outras cidades escolhidas se está às voltas para se conseguir facilitar os acessos viários às sedes, aqui forças clubísticas hegemônicas no Estado e na imprensa se mobilizam para impedir que as pessoas cheguem ao lugar onde melhor se poderá disputar e a acompanhar um jogo de futebol!
 
Não obstante, voltemos ao que mais importa: a parceria e a Copa estão miando para os destroçados e aterrados.

Conselheiros divulgaram, no dia de ontem, que há diferenças impeditivas entre as pretensões do Inter e as da AG. E que as notícias são, para aqueles lados ribeirinhos, desalentadoras e angustiantes.

O problema residiria na constituição das Sociedades de Propósito Específico. Nada a ver com falta de dinheiro ou a recusa, por parte da AG, em pagar juros de financiamento ao BNDES. O que acontece é que estas seriam geridas por empresas especializadas nestes negócios, só que, seja em função da crise mundial, seja pela insegurança quanto aos retornos previstos no investimento, a AG não teria conseguido cativar estes parceiros. Que marca esta rósea! Ou seja, mesmo entregando os camarotes, as cadeiras VIPS, toda a área de comércio interno - inclusive aquela que já geria -, os novos estacionamentos, os naming rights, os pouring rights e, certamente, mais as meias e cuecas rotas, mesmo assim o negócio não parece confiável à AG! Um dos motivos, certamente, é a própria concorrência da Arena, que será lugar naturalmente muito mais interessante de negócios do gênero. Que humilhação. É claro que resta espaço para especular que, madrasta - vejam só quem o Inter escolheu para parceiro; mesmo assim, só falam da OAS em relação ao Grêmio -, a AG esperará o último momento para aprovar a parceria, obrigando o CD do Inter a aceitar tamanha extorsão histórica, que o transformará numa versão sulina do Ameriquinha, de vermelhinho bem esmaecido

Hipótese que confirmaria, sem dúvida, como a parceria do Inter com a AG é melhor que a do Grêmio com a OAS. Para o Grêmio! Fica, AG! Hipótese, contudo, menos provável, por temerária. Seja porque o tempo já escoou, seja porque, já não bastasse o papelão da novela mexicana da assinatura do acordo, ainda há o melhor do teatro trágico, a discussão do acordo no CD róseo! Embora alguns cegos torcedores colorados - desculpe a redundância - e isentos defendam - acreditem! - a aprovação do contrato sem que o CD sequer o veja, há a promessa de um cruento pugilato.

E se não for isto, lhes sobrará a vida nos escombros!!!

Sabe que chega até a dar pena?