4 de março de 2012

Ainda há coisas a esclarecer



Que a Andrade Gutierrez levou uma prensa e cedeu à pressão palaciana, todos já sabemos. Que a ação originada no Palácio do Planalto guarda alguns componentes lamentáveis (intervenção do Estado em negócios privados, provável exercício de advocacia administrativa junto ao BNDES, atropelamento de princípios previstos no Art. 37 da Constituição Federal, entre outros) também já sabemos.

Há algo porém que está sendo deixado de lado pelas autoridades, imprensa especializada e administradores públicos envolvidos. Antes de explicitarmos do que se trata, precisamos pontuar algo, para que se entenda bem o processo.

Uma coisa é o empréstimo da AG com o Banrisul, os tomadores e as garantias envolvidas. Este particular estava sendo proposto pela AG da seguinte forma: ela tomaria os R$ 205 milhões de empréstimo, garantiria 20% do valor (sua participação na Sociedade de Propósitos Específicos - SPE) e os demais 80% seriam, como usual, garantidos pelos demais envolvidos (SCI, Previmpa, Banrisul e IPERGS). Os parceiros, alguns por questões legais e outro por questão de situação econômico-financeira, não estavam aptos a oferecer as garantias para o empréstimo. Com o chute da Presidente, a AG decidiu "por bem" garantir a totalidade da operação.

Outra coisa é a participação dos entes públicos citados (Banrisul, IPERGS e Previmpa) como sócios da SPE. Eles deixam de prestar garantia ao empréstimo, mas, a exceção da Previmpa, nada se disse sobre  a saída deles da Sociedade. O Banrisul poderia entrar com R$ 10,9 milhões e o IPERGS, pasmem, com R$ 51 milhões. Noticia-se que o estágio atual da Previmpa é "saindo fora". Já o Banrisul e o IPERGS estariam com o led "em dúvida" acesso.

Possivelmente, a saída da Previmpa e as "dúvidas" do banco e do IPERGS deveu-se à publicidade dada aos seus envolvimentos no negócio, quando a pressão sobre o Banrisul tornou-se insuportável. Antes, a "confidencialidade" encobria o "interesse".

Os acionistas do Banrisul e os funcionários públicos, cujos fundos que devem sustentar as suas aposentadorias são administrados pelo IPERGS, têm o direito de saber onde estas entidades aplicam o seu patrimônio e porque assim o fazem.

Afinal, o IPERGS e o Banrisul vão participar da SPE que aplicará recursos na reforma? Com a palavra os envolvidos.
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Fonte do gráfico: Zero Hora