14 de março de 2012

Até um dia Otávio


O futebol, esta paixão que dribla a lógica, nos faz vibrar, chorar, gritar de felicidade e ódio, esquecer as agruras da vida. O Grêmio, mais do que qualquer outro time do mundo, nos faz sentir a vida mais leve e mais merecedora de ser vivida.

Dentro do futebol, poucas coisas foram mais emocionantes do que a história do menino Otávio. Aos que não lembram: garoto de 7 ou 8 anos em estágio de câncer terminal, teve um milagroso sopro de vida ao receber a visita de Adilson. De paciente que não conseguia mais sair da cama e não se alimentava mais, recuperou-se a ponto de pedir para entrar em campo com o Grêmio. No colo de Victor achou mais vida no carinho dos jogadores e da torcida a ponto de ser liberado para voltar para casa. Por mais alguns meses brincou, correu, visitou amigos vejam só.  Agora a doença o levou.

Levou Otávio mas deixou aqui esta magnífica e emocionante criação do Grêmio chamada Desejo Azul. Iniciativa que enche a todos nós Gremistas do mais profundo orgulho. E que deveria ser imitada por todos outros clubes.

Levou Otávio mas deixou sua história ocupando lugar de grande destaque nas minhas memórias para todo o sempre. No mesmo patamar ou até um pouco acima das lembranças dos grandes títulos que o Imortal conquistou e conquistará.

Levou Otávio mas deixou a certeza de que a vida sim, apesar das agruras e incômodos, vale a pena ser vivida. E deixou também uma esperança, ou mesmo um outro Desejo Azul. Desejo de que haja alguma coisa por trás da escuridão da morte. E que lá esteja Otávio, e estejamos nós um dia, olhando distraidamente, entre uma festa e outra, para os objetos de nossa paixão aqui embaixo.