28 de novembro de 2012

O Olímpico ganha jogo

Luquinhas, meu filho, está terminando o segundo grau. Sexta-feira é o último dia na escola. Faz uma semana que está jururu. Anda cabisbaixo pelos cantos. Meio choroso. A cada dia deixa um pouco mais dele na escola em que estuda desde o primeiro ano de idade. A cada dia trás um pouco da escola para guardar no seu baú de recordações.

Assim como o Luquinhas eu já estou órfão. Só que ao contrário dele eu não posso deixar parte minha no Olímpico ou trazer parte do Velho Casarão para cá. Há tempos este ente querido deixou de ser parte do meu cotidiano. Filho ausente e um tanto quanto relapso, fazia visitas esporádicas, quase protocolares. A proximidade dá uma certa preguiça e facilita o adiamento.

Quis a sorte, no caso o azar, que este ano não consegui fazer as visitas programadas. E só resta então olhar de longe os derradeiros dias deste amor eterno.

Pois hoje eu li a entrevista do Pofexô. E me emocionei. E me transportei para o Olímpico. Nesta viagem voltei ao dia 28 de julho de 1983. E voltei a um GRE-nada de 1977. E voltei a um Grêmio x Esportivo em que André Catimba fez o maior gol da história do Olímpico. E voltei para o dia em que ganhávamos apesar de ter Cacau, Iura e Neca no meio de campo. E Vilson Cavalo na lateral. E Corbo no gol. E Loivo na ponta esquerda. E Orcina chutando brigadiano.

E eu tive que concordar com o Luxa que falou:
Quando eu chegava aqui e ia para a casamata, os caras pegavam muito no meu pé. Também teve um jogo muito marcante que foi aquele do gol do Jardel que o juiz anulou... O negócio "fechou" naquele dia.
E continuou o Pofexô:
Teve também o jogo do Ronaldinho, com o Flamengo, em que saímos na frente por 2 a 0 e depois o torcedor incorporou o negócio e eu sabia que não ganharíamos. Você sente a energia que vem de fora para dentro. Contra o São Paulo, agora, foi isso também. É uma coisa meio mágica. Pertence ao clube — sintetizou, referindo-se à torcida gremista e ao Estádio Olímpico.
Sim Pofexô. Pertence ao clube. Mas pertence muito ao Olímpico Monumental. O Grêmio já teve alguns times fracos, muitos times bons e duas dúzias de times excepcionais. Todos estes times precisaram do Olímpico ou  usaram o Olímpico para ganhar alguns jogos. Ou seriam batalhas?

Pois domingo é o derradeiro jogo. A batalha final. E os deuses do futebol estão mostrando que são, na grande maioria, torcedores do Imortal. Tiraram Kleber do jogo. Querem tirar Zé Roberto do jogo. Possivelmente tirarão mais um ou dois dos nossos melhores jogadores do jogo. Os deuses do futebol querem nos tirar todo o natural favoritismo. Querem solapar a confiança na vitória tranquila e serena. Querem ver, para nossa apreensão, Marco Antônio, André Lima, Leandro e outros jogadores menos dotados em campo. Querem nos deixar em dúvida.

Mas o que os deuses do futebol querem e planejam é ver o Olímpico ganhar sua derradeira batalha. Querem que Marco Antonio, André Lima, Leandro e todos os outros joguem o que nunca jogaram. Preparam um final apoteótico em que, pela primeira vez, o Pofexô possa viver uma vitória do Velho Casarão estando do mesmo lado do campo.

Sim, meus amigos. O Olímpico ganhou jogos. Muitos deles impossíveis e improváveis. Ganhou de seleções. Ganhou de timaços. Ganhou com Cacau, Iura e Neca em campo.

E, sim, entre o time que entrar, o Olímpico vai ganhar seu último jogo. E depois vai esperar feliz e tranquilo minha última visita. Visita que eu devo e vou fazer com a devoção de um devoto ardoroso.