18 de dezembro de 2012

Daniel Matador: Por um punhado de dólares

Caros

Nos anos 60 o consagrado diretor Sergio Leone produziu a famosa Trilogia dos Dólares. A primeira película desta saga é uma obra magistral, encimada por um título magnífico: Por um Punhado de Dólares. No filme, um pistoleiro de caráter duvidoso interpretado por Clint Eastwood chega a uma cidade em pé de guerra e com ânimos permanentemente acirrados. Uma gangue que deseja controlar a cidade contrata seus serviços, esperando que ele trabalhe para eles. Só que o pistoleiro acaba tendo a ideia de lucrar um pouco mais. Para isso, acaba também vendendo seus préstimos para outra gangue, ganhando dinheiro de ambas. Para ele, a tal ética era algo que não existia. O que importava era ganhar um punhado de dólares, não importando a origem. Obviamente que não vou contar o final do filme. Só a trilha sonora do mestre Enio Morricone já é motivo suficiente para assistir a esta história. Corra e assista.

Como a Pitica sabiamente citou no título de seu post esta semana, i$entos barato$ não tiram férias. E mesmo quando tiram, sempre acham um tempinho para espalhar a cizânia entre as pessoas de bem. A síndrome de Tullius Detritus parece apossar-se destes seres de forma incontrolável. É mais forte do que eles. Não conseguem resistir. É uma necessidade orgânica que faz com que sintam-se compelidos a semear a discórdia.

Mas aí muitos sempre se perguntam e inclusive questionam terceiros: “o que eles ganham fazendo isso? Este pessoal é formado em Jornalismo, trabalha em grandes empresas, ganha seu salário direitinho. Não teriam nenhum motivo para fazer isso.” Santa ingenuidade, Batman. Quando se começa a vivenciar o ambiente alheio às quatro linhas do gramado no mundo do futebol, grande parte da magia some. É quase como o Mister M desvendando o segredo da mágica. Por trás do pano os truques são por vezes até mesmo decepcionantes.

Os tais elementos da mídia não se contentam somente com a posição que possuem em seu empregador oficial ou seu soldo ao final do mês. E mesmo aqueles que se contentam podem vir a se seduzir por propostas de outros “empregadores paralelos”. Propostas que podem ser discutidas em um trivial churrasco às segundas-feiras, renovadas em algum evento de final de ano no litoral ou tendo prosseguimento durante o restante do ano em algum restaurante da capital. É sabido que este tipo de indivíduo costuma vender-se por pouco mesmo, mas não seria apenas para descolar uma boca-livre que iriam fritar o cérebro tecendo mal traçadas linhas contra instituições centenárias. Ou concatenando frases mal feitas contra pessoas de conduta ilibada. Naturalmente que teria de rolar alguma coisa em espécie. Ou pode ser até mesmo um incentivo em forma de patrocínio para o lançamento de algum livro, revista, evento, etc. Se você chegou até esta parte do texto e entendeu o sentido, parabéns. Se não entendeu, vá procurar algum blog mais rosadinho.

Para este tipo de “profissional” da mídia, somente os vencimentos pagos por seu empregador não bastam. Tem de haver o recebimento de um “por fora”, pago por outro. Assim como o pistoleiro mau-caráter, se vendem para dois senhores, ambos com interesses escusos. Não estão nem aí para esta tal de “ética”. Coisa que nunca tiveram mesmo. E já que não tiveram nem nunca terão, o esquema é lucrar com o mau-caratismo. E quem estiver no meio do fogo cruzado que aguente as consequências. E os incautos que acreditem naquilo que for dito ou publicado. Azar se a informação for furada, errada, mentirosa ou manipulada. Mesmo com tudo isso, podem vir a se auto-denominarem “imparciais”. Azar dos manés que vierem a aceitar os engodos.

Por qual motivo fazem isso? Muito simples. Tranquilo de explicar. Fácil de entender. Duro de engolir. Fazem isso, única e tão somente, por um punhado de dólares.


Saudações Imortais

P. S.: a todos que estão com desejos suicidas por conta do fechamento do blog, acalmai-vos. Fui nomeado cicerone oficial do Seu Algoz durante seu período de férias. Fiz uma extensa programação cultural para que ele venha a desopilar o fatigado cérebro e recarregue as energias para aguentar os malas sem alça e continuar fazendo o melhor blog sobre o Grêmio em todo o universo. Durante suas férias, Seu Algoz terá obrigatoriamente de dormir até mais tarde, percorrer o roteiro gastronômico da cidade no almoço, bater aquela bolinha esperta com os parceiros, beber chopp ao final do dia (todos os dias) e visitar alguns estabelecimentos selecionados durante a noite. Toda esta extensa agenda é recomendação médica para que ele não tenha nenhum colapso nervoso e o Hernandéz venha a continuar medicando ele.