26 de março de 2013

O trem suburbano tem maquinista

Ao receber um convite para ir ao Olímpico nesta terça-feira, conversar com o presidente Koff, com Raul Régis e com Duda Kroeff sobre as questões da Arena, o deputado Paulo Odone deveria ter assumido um voto de silêncio absoluto. Assumiria, se fosse uma pessoa preocupada, primordialmente, com o Grêmio. Calaria até conhecer o teor do gesto conciliatório. Porém, mais do que simplesmente falar, o político teve um surto verborrágico. Começou criticando o que chamou de "periferia", referindo-se a pessoas que de forma burra e equivocada vazam dados do clube para a imprensa. Na sequência, assumiu ele próprio a função de maquinista do trem suburbano, em uma viagem que foi além do perímetro do bom senso. No périplo, compareceu a programa de TV, concedeu entrevista coletiva e foi a um programa de rádio. Tudo num espaço de menos de 16 horas.

Nestas aparições, advogou com maestria para os baianos: repetiu um discurso rico em ataques ao Grêmio e com hipérboles na abordagem das responsabilidades da OAS. Criticou a atual gestão, criticou Luxemburgo e criticou jogadores do atual elenco. Nem mesmo a agrônoma encarregada do gramado da Arena escapou. Para esta sobrou uma aula sobre a semeadura do azevém. Uma show de comportamento de "periferia".

Claro, os problemas construtivos apresentados pelo estádio desde a inauguração, o péssimo tratamento dado aos sócios, a falta de energia nos refletores em duas oportunidades, a incompetência na construção da área da Geral (que sepultou a avalanche), a falta de urbanidade e a arrogância dos funcionários da construtora no trato com os funcionários do Clube, nada disso foi debitado na conta do real devedor. É tudo culpa do nosso Clube. Santa OAS, nobre deputado! Santa OAS!
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A mágica de transformar 21 em 41

O valor de aquisição do assento dos sócios sempre foi vendido ao Conselho Deliberativo e à torcida como sendo R$ 21 milhões (como se pode ver no vídeo da exposição abaixo, a partir de 18:20 minutos). Subitamente virou R$ 41 milhões, como se nunca tivesse sido menos do que isso. Para o deputado, está tudo certo.



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Os números esquecidos

Na conta apresentada pelo deputado à exaustão, fatias gordas de receitas que evaporaram do caixa do Clube não foram lembradas. Serão deixadas para trás no Velho Casarão, por exemplo, as rendas de jogos, as receitas de locação de camarotes e as de publicidade. Não é pouca coisa. Dava para pagar a inauguração da Arena e sobrava troco para o salário anual do Gladiador.
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O que se espera?

Que o surto tenha passado, que o deputado saia do mundo paralelo onde vive e ajude o clube a avançar nesta intrincada questão, sentando deste lado da banca.