27 de março de 2013

Tentando entender a equação Grêmio-Arena-OAS


Ontem foi um dia de movimentação intensa neste blog. Tenso... 

Seu Algoz veio com dois quentes e três fervendo na questão da parceria Arena/OAS e a torcida não ficou atrás. Mas querem saber a verdade? Eu adoro isso. Quanto mais debate melhor, e quanto mais quente, melhor ainda. Sabem por quê? Acho muito importante clareza nas relações. Não dá para as coisas ficarem envoltas em cortinas de mistérios porque senão a coisa não dá certo. Logo mais ali adiante , a porca torce o rabo.
A relação torcedor/clube, obrigatoriamente, deve ser baseada na confiança extrema, assim como nos casamentos e nas amizades mais profundas: se quisermos ter a possibilidade de sucesso, o jogo deve ser limpo. Caso contrário, é grande o risco de a vaca ir pro brejo. Ou ainda, como numa sessão de terapia: quanto mais a pessoa expulsa e desnuda seus fantasmas, mais forte e altiva fica para tomar seu rumo na vida.
É  para mais ou menos isso que nos encaminhamos: recolocar o carro nos trilhos para então,  acelerar a locomotiva.
Mas também é importante dizer que o acirramento político não contribui em nada. As pessoas devem deixar suas questiúnculas, idéias geniais, vaidades pessoais e implicâncias de lado e partir para a conciliação. Se alguém sente muita, mas muita necessidade de aparecer, que pendure uma melancia no pescoço e vá desfilar de calcinha na Rua da Praia, fazendo escala na Esquina Democrática. Ou se preferir, no cruzamento entre a Avenida Osvaldo Aranha e a Rua Ramiro Barcelos. Garanto que o Ibope será grandioso.
Desse modo, o verdadeiro torcedor gremista, aquele que se importa com o clube, nunca deve esquecer que acima de tudo está a INSTITUIÇÃO GRÊMIO.
Os homens passam, a paixão fica.
Ninguém aqui está particularmente fazendo perseguições ao ex-presidente Paulo Odone.
Nunca nem vi o homem ao vivo. Considero que ele tem suas glórias e não acho que ele tenha sido mau dirigente. O que se deseja apenas, é que o Grêmio sempre tenha o maior sucesso possível em todas as suas relações comerciais. Seja com a OAS, seja com qualquer outro parceiro (e teremos ainda muitos em várias áreas).
Portanto, fiquei muito feliz e satisfeita com o resultado da reunião de ontem entre as principais lideranças políticas do clube. Não é ufanismo de minha parte, mas simplesmente esperança  no ser humano. Não sou do tipo que dá o braço à torcer para a vida (e ela me lançou os mais variados e difíceis desafios; com orgulho digo que venci todos) e sempre confio em soluções possíveis. Como homens cultos e civilizados que são, Paulo Odone e Fábio Koff mostraram grandeza no dia de ontem e acertaram os ponteiros. A partir de agora, é primordial que todos estejam unidos em torno da mesma idéia: resolver todas as pendências políticas-econômicas e unir forças para lançar o clube a um patamar ainda maior como instituição futebolística. Com união multiplicando forças, é muito mais fácil superar obstáculos e atingir o ápice. O blog, sinceramente, espera que os dois dirigentes trabalhem juntos para encontrar soluções boas para o Grêmio.
E, como gremista, só posso dizer que sinto orgulho dessa comunhão de esforços.
Então, convido a todos os torcedores desiludidos, céticos, preocupados e amuados a voltarem com força na sua paixão. O momento exige que sejamos fortes, confiantes e inteligentes.
Mãos à obra , sem mais perda de tempo.
Vamos em frente que atrás vem gente!!!!!!

Imortal Tricolor, nada pode ser maior!!!!


Arena do Grêmio: o que se busca, é um ajuste no contrato que fortaleça o clube.

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Tentando entender a equação

Na medida do possível, vamos tentando ajudar o torcedor a entender as questões em torno do tema Grêmio-Arena-OAS. Corremos atrás da informação e, com isso, esperamos esclarecer alguns pontos que aguçam a curiosidade e preocupam a torcida tricolor. Assim, transcrevo o questionamento (que é o mesmo de grande parte da torcida) do nosso assíduo leitor Guaru  e a resposta a sua dúvida. E vamos decifrando a equação...

Guaru:

...há questões que me fazem crer que essa apuração de lucro, segregando somente o repasse de 65% do lucro líquido da Arena é um pouco fantasiosa. Vou levantar duas questões:
 

a) O Olímpico teria uma receita de 20 milhões (isso é só a receita de bilheteria, presumo). A Arena terá uma receita de bilheteria, sem sombra de dúvida maior, digamos conservadoramente 30 milhões (lembre-se que o estádio é novo, tem Libertadores, Copa do Brasil e um timaço). Soma-se a isso 41 milhões que serão pagos pelo Grêmio referente a entrada dos sócios. De que forma somando-se os dois valores haverá prejuízo? Como a Arena Porto-Alegrense conseguirá ter despesas na margem de 71 milhões, quando o Olímpico tinha despesa 10 vezes menor?
 

b) Evidentemente que os 41 milhões eram receita direta do clube, e terão que ser "peneirados" pela Arena. O que não é bom, porque na melhor das hipóteses voltará somente 65% do valor. No entanto, me parece que o Grêmio também irá realizar economias pelo fato de não ter mais o ônus de administrar um estádio. Essas economias devem extrapolar os custos diretos apresentados de 7 milhões. Tens alguma posição sobre isso?
Por fim, me coloco à disposição para ler e tentar esmiuçar essas projeções, talvez até ter a audácia de apresentar sugestões, caso tenhas como disponibilizá-las para mim.

Resposta:

Convidamos os leitores para um exercício, relativo aos resultados da Arena.
Pelos balanços do Grêmio, a bilheteria do Olímpico era em torno de R$ 10 a R$ 13 milhões/ano. Pela lógica, a Arena não deve gerar mais do que R$ 20 milhões/ano brutos de bilheteria. Pesquisem na internet e verão que, líquidos, devem sobrar uns R$ 7 milhões (tem de se pagar federação, seguranças, bilheteiros, seguro, serviço médico, impostos etc.)
Importante: a empresa Arena Porto Alegrense pagará de 25 a 30% de impostos sobre a renda (bilheteria e repasses do Grêmio), que o Grêmio não pagava (esta é uma questão crucial). Isso reduz os R$ 41 mi pagos pelo Grêmio para mais ou menos R$ 30 mi de receitas da Arena.
Ou seja, das duas principais receitas (rendas e sócios), sobram uns R$ 37 milhões.
Como a linha de crédito do BNDES é de juros de 5,1% mais TJLP, a Arena Porto Alegrense pagará em torno de R$ 27 milhões ao ano de juros nos primeiros anos.
A Arena Porto Alegrense pagará, ainda, R$ 39 milhões ao ano relativos ao principal da dívida.
Só esses 2 itens (juros e capital) já consomem R$ 66 milhões. Ou seja, faltam R$ 29 milhões para fechar a conta (R$ 66 - R$ 37). Isso sem contar outras despesas como água, energia, pessoal fixo etc.
Então, lucro só depois de pagar boa parte do financiamento (reduzindo ao menos os juros anuais) e, ainda assim, será calcado nas receitas geradas pelo quadro social.
Tem ainda o naming rights ainda não comercializado, mas ele não resolve a equação. Quando muito, ajudará a reduzir ou zerar o prejuízo.

Acho que a partir desses números colocados acima,  fica mais fácil entender a preocupação da atual Direção.
Talvez o que não dê para entender é ver gremistas não querendo ouvir falar em melhorar um contrato que dá todos os sinais de ser nocivo para a saúde financeira do clube.