7 de abril de 2013

Daniel Matador: Matar por Dever

Caros

Não vou nem perder precioso tempo (meu e dos leitores do blog) discorrendo sobre as partidas do ruralito deste último final de semana. Mesmo com o chico colorado (vou sugerir ao Seu Algoz que adote minha técnica de escrever em minúsculas determinadas alcunhas) tentando a todo custo achar alguma maneira de sacanear com o Grêmio, somamos mais três pontos e garantimos a classificação para a próxima fase. Teve alguns aí que conseguiram a façanha de perder para time que estava praticamente rebaixado. Mas cada um com sua grandeza. Vamos agora nos preparar para o jogo dos adultos que acontece no meio desta semana.

E sobre isso o tricolor tem uma missão cabal a executar. Mesmo que a ivi esteja batendo insistentemente na tecla de que dois empates bastam (o que não é uma inverdade, olhando-se apenas o lado matemático mínimo da tabela) não é possível que venhamos a vislumbrar este como sendo o objetivo dos últimos confrontos desta fase da Libertadores. Tanto é estranha a matemática que mesmo uma derrota para o Fluminense ainda mantém vivas as chances de classificação, enquanto uma vitória por goleada não a garante. Ainda assim, a vitória no próximo jogo terá um simbolismo maior do que três pontos. Ela poderá inclusive encaminhar a desclassificação do Fluminense, além de servir como termômetro da têmpera do time para o embate final no Chile. Como citou nosso colunista freelancer Minuzzi, este jogo servirá para definir a identidade da equipe.

Se até o momento não conseguimos jogar com sangue nos olhos, este será o jogo para que o líquido plasmático faça sua parte e aflore nos globos oculares. Uma hemorragia subconjuntival é algo de que estamos precisando. Nas últimas partidas os jogadores do Grêmio entram em campo, cumprimentam os adversários, batem papo com eles, dão a mão para que levantem quando estão no chão. Algo que pode até ser encarado como normal, afinal são colegas de profissão, alguns são até amigos. Alcançam a bola para bater lateral, fazem um afago após uma chegada mais dura e, se bobear, encarnam o Rogério Ceni e emprestam a água, perguntando se não vão querer um gelinho com limão. Este é um jogo em que gentilezas assim deverão obrigatoriamente ser esquecidas e deixadas de lado. É o jogo em que teremos que enfiar um bico na bola em direção ao gol, mesmo que o goleiro seja irmão de algum jogador tricolor e arrisque quebrar os dedos ao tentar defender um petardo. Se a bola do jogo surgir, não poderemos nos dar ao luxo de sermos displicentes.

Em meu post do dia 29/12/2012 contei a história de Audie Murphy, o mais condecorado soldado da história dos EUA, o qual virou ator quando retornou da guerra. Pois no distante ano de 1960 ele juntou-se a Barry Sullivan para protagonizar o excelente faroeste Matar por Dever, onde fez o papel de Seven Jones. Como representante da lei, Jones tem de escoltar e manter preso o fora-da-lei Jim Flood, interpretado com maestria por Sullivan, que rouba a cena no filme. Por conta de percalços pelos quais acabam passando, ambos viram amigos, mesmo estando em lados opostos. Apesar de tudo, Jones não hesita em cumprir sua missão, nem que para isso tenha que se valer de todos os recursos que a lei lhe faculta, inclusive matar se preciso for. Não importando que seu adversário seja praticamente um amigo. Para os gurizinhos de apartamento que vibram com vampirinho que brilha (apesar de que os fãs deste tipo de lixo devem ser torcedores róseos), tratem de fazer um programa de homem e vejam este clássico. Nota 8 na escala Chuck Norris de cinema cuiudo.
Não sei se Koff terá que entrar no vestiário antes da partida para dar um sacode no grupo. Não sei se terão que chamar o BOPE pra dar um choque nos jogadores com palavras de ordem. Não sei se vão querer que eu vá lá e dê uma coça de rabo de tatu no Mortotonho antes do jogo (escolhi aleatoriamente), só pra mostrar o que vai acontecer se não entrarem em campo comendo grama. Só sei que neste jogo a identidade do time vai ter que aparecer. E ela tem que ser a de um bagual, desses que entra chutando a porta do saloon, expulsa o cara do balcão com um manotaço, dá um tapão no barman, toma uísque no bico da garrafa, quebra a garrafa na cabeça do Zé Ruela que tá sentado na mesa do lado, pega a mulher do Zé Ruela e sai a passo, sem pagar a conta, enquanto o resto dos manés fica pianinho. Não haverá espaço para gentilezas com a equipe adversária. Mesmo que os jogadores sejam colegas ou amigos, neste jogo o tricolor só tem uma missão: matar por dever.

Saudações Imortais