13 de abril de 2013

O Grêmio exige o respeito que fez por merecer



Normalmente há um espaço razoável entre os posts para que possam ser lidos, digeridos e comentados. Isto acontece em tempos de paz. Tempos em que o futebol é apenas um esporte. Apaixonante e dolorosamente sério. Mas ainda um esporte apenas.
Mas tem situações em que o futebol deixa de ser apenas um esporte e passa a ser um mundo à parte. Passa a ser o depositário de sonhos e esperanças. Passa a ser parte da vida e da dignidade de um grupo de pessoas que amam o mesmo clube.
Porque este é um dos momentos, peço desculpas ao Minuzzi e ao Daniel por atropelá-los. Aliás, ambos os posts estão excelentes e, mesmo não sendo a partir deste o post no top, recomendo vivamente que todos os leiam. Mas meus caros Minuzzi e Daniel, o momento é de mobilização. O momento é de luta. Então desculpem o atropelo mas eu tenho que fazer isto.
O Grêmio é uma instituição centenária. A maior do Rio Grande do Sul. Uma das maiores do Brasil. Tem nome e fama internacional. O Grêmio, por culpa de alguns maus negócios do passado sofreu alguns percalços sérios e apenas agora está se recuperando. O Grêmio é tão grande que, apesar destes problemas, ao invés de diminuir, como acontece com outros clubes, aumentou a torcida e o amor desta torcida pelo clube.
O Grêmio caiu para a série B e voltou em episódio que só sua imensa grandeza permitiu que acontecesse. O Grêmio nunca pagou para não cair. O Grêmio com dívidas e sem possibilidade de grandes investimentos beliscou uma Libertadores e dois ou três nacionais depois da volta. O Grêmio fez a Arena, o mais lindo e mais moderno estádio da América. O Grêmio merece este enorme orgulho de todos os seus torcedores.
Provavelmente pela sua grandeza e por todos saberem onde pode chegar, O Grêmio, ao começar se re-erguer, passou a ser alvo de ataque de adversários da forma mais calhorda e covarde possível. Os ataques não são diretos. Se o fossem, poderiam ser rechaçados facilmente. E aparentemente são orquestrados.
O blog tem mostrado dia sim o outro também que ocorrem na forma de "reportagens" de pseudos profissionais da imprensa, que por despeito ou soldo indevido não perdem chance de tentar plantar cizânias  ressentimentos, ódios e confusões pelos lados do tricolor.
Mas não são só os jornaleiros que fazem isto. Governos municipal, estadual e federal, deixaram de lado o bom senso e todos os pudores obrigatórios de entidades públicas e, contra toda a lógica e contra a lei de responsabilidade fiscal, decretaram que a copa será num remendão com qualidade e prazo de acabamento duvidosos. Por que? Se tiverem dúvidas perguntem a quem de direito. Eu não tenho.
Pode ser coincidência. Eu não acredito. Mas a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros são parte deste estamento que comanda o estado. A Brigada Militar e o corpo de bombeiros são irmãos siameses. O Comandante dos Bombeiros já postou uma foto no facebook, reproduzida neste blog, alisando uma camisa do timinho como se fosse um fresco sem eira nem beira. O facebook é pessoal? Sim. Mas justamente por isto, consegue revelar a alma e o que se passa na mente dos seus usuários.
Pois depois dos jornaleiros e dos políticos ordinários chegou a vez da "briosa" nos atacar. Primeiro exigindo ao Grêmio e só a ele um estádio igual a um convento de carmelitas. E protelando a liberação da Arena usando as desculpas mais torpes. Seu comandante, o mesmo que alisa uma camisa de clube sobre a mesa como se fosse a Débora Nascimento, leva semanas para dizer que não entendeu os documentos que recebeu. Se é analfabeto, não lhe ocorreu pedir ajuda ao estafeta que faz seu cafezinho e limpa seu banheiro? Para quem não sabe, o comandante e a instituição são os mesmos que liberaram um chiqueiro em reforma, repleto de paus, pedras e ferros retorcidos para jogos de futebol durante todo o ano de 2012.
Agora são os brigadianos e seus comandos. Para eles, torcedor gremista é sinônimo de marginal. O que se viu na Arena e no seu entorno na quarta-feira é um acinte. Estes sujeitos que deveriam zelar pela lei e pela ordem parecem ser levados pelo rancor e pelo recalque. Mostram ter a estatura de anões de jardim.

O que aconteceu na quarta-feira é inominável. O que se viu de truculência dentro e fora do estádio seria debatido, discutido e, principalmente, julgado, fosse este um país sério e cumpridor de leis. Não é! É um país em que governantes abusam do poder para fazer o que bem entendem. É um país em que os cidadãos sentem-se, via de regra, indefesos e sujeitos à própria sorte. É um país governado pela escória, que gente de bem não se mete em política para não se sujar.

Um único fato, talvez o menor de todos que ocorreram, seria suficiente para ilustrar o problema. Um torcedor retardado do Fluminense pula a cerca de proteção e vai provocar os gremistas próximos à divisória. Levou uns tapas e logo chegou a Brigada. E o que ela fez? Protegeu  o retardado levando-o de volta para a área da torcida do Fluminense, e para não perder a viagem, passou a bater nos torcedores do Grêmio. Alguém pode explicar esta atitude que não fruto de um ódio desvairado ao Grêmio e seus torcedores?
É isto em resumo o que está acontecendo no estado.
O que resta então para nós, gente de bem, que trabalhamos a semana inteira?
Pouco, devo admitir. Muito pouco. Um tanto de raiva. E muita desesperança e descrença.
O que resta para nós que temos um blog razoavelmente bem acessado? Denunciar. Mostrar o que está acontecendo. Deixar registrado aqui.
Não que vá acontecer alguma coisa no futuro próximo, ou mesmo no médio prazo. Eu já disse, este é um país que não permite que as pessoas de bem tenham esperança.
Mas fica registrado. Se alguns destes sujeitos que participaram do que aconteceu na Arena quarta-feira por acaso lerem o blog, poderão no conforto de suas camas e na maciez do seus travesseiros, poderão, quem sabe, refletir sobre o que fizeram. Talvez alguns avaliem se está certo cumprir ordens, por mais toscas e imbecis que estas possam ser. Poderão se dar conta, se ainda conseguem pensar, que um dia os alvos inocentes de uma cacetada poderão ser seus próprios filhos, ou netos ou namorados. Não que eu tenha esperança ou expectativa que isto aconteça. Não que eu acredite que algum destes trogloditas tenha alma e resquícios de humanidade. Mas, por certo, dou o benefício da dúvida.
Mas também, pela dúvida e quase certeza de que isto dificilmente mudará, reproduzo aqui, depoimentos e filmes que registram para a posteridade a truculência e a barbárie desta que era uma vez chamada com orgulho "briosa Brigada Militar". Que aparentemente deixou de ser briosa para agir como louca de atar.
O Grêmio instituição e os gremistas merecem muito respeito pelo que significam para o estado e para o país.   Cabe a todos nós, guiados pelos seus dirigentes fazer com que este respeito apareça. Como fazer isto? Todos nós com a palavra.
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Depoimento do cônsul adjunto do Grêmio de Florianópolis:
Olá, Meu nome é Rafael Marrone (@rafamarrone), sou torcedor do Grêmio, sócio desde 2007, frequentador assíduo de arquibancada e atualmente também sou cônsul do Grêmio em Florianópolis (https://www.facebook.com/gremiofloripa), e gostaria de descrever para vocês o que senti no jogo Grêmio e Fluminense válido pela Copa Libertadores 2013, realizado na Arena "do Grêmio": O dia que senti vergonha e medo na Arena — que é da OAS, da polícia, mas não — do GrêmioEste foi um dos dias mais horríveis que passei, principalmente quando se trata de Grêmio e ida a jogos. Momentos que sempre adorei fazer parte. Entrei na Arena achando que estaria entrando no meu estádio, na minha casa, onde eu poderia torcer com mais inúmeros torcedores gremistas em paz. Mas o que se viu foi exatamente o contrário. Momentos antes de começar a partida já houve provocações entre as duas torcidas. Normal para quem esta acostumado a ir no estádio. E isto faz parte do folclore de um jogo de futebol. Mas a coisa começou a piorar. Logo vimos que a torcida do Fluminense estava com algumas bandeiras, coisa que a polícia vem negando em todas as instâncias para a torcida do Grêmio já há alguns jogos. Então fica a pergunta: porque a torcida visitante tem mais direitos que a torcida do próprio clube que é suposta dona do estádio? Eu estava no setor de cadeiras inferiores atrás do gol, já que o setor da Geral segue interditado. E por volta das 20h50 um rojão estourou onde estavam torcedores e famílias gremistas. Como eu havia visto algo cair lá do quarto anel, eu e diversos torcedores achamos que o rojão havia vindo do quarto anel, da torcida adversária. Porém a menina atingida me garantiu que o rojão veio da torcida gremista. Inclusive houve a confissão e o pedido de desculpas do sujeito que levou o rojão para dentro do estádio. Portanto a ação que se viu da polícia perante a este caso foi correta, porém, em todas as incursões que pude ver, em todas, houve algum torcedor inocente que acabou ouvindo ameaças ou apanhou de algum dos policiais, mesmo que não tivesse nada a ver com os fatos. Logo que a confusão criada pelo estouro do rojão se resolveu, na entrada do time em campo alguns sinalizadores azuis foram acesos. A polícia prontamente agiu e retirou os torcedores que ela achava que era, já que a torcida não quis entregar. Logo, a polícia se achou no direito de sortear quem era dentre os que estavam por ali. Porém isto não seria o pior episódio da noite por parte da polícia e da torcida adversária. O que há com a justiça? Onde ficou a coerência? Mas ainda não foi o fim de uma assustadora noite na Arena. Assim que a coisa se acalmou, mesmo depois de todo o estádio em coro único proferir palavras nada agradáveis ao policiamento e repreender eles pelo acontecido, outro episódio lamentável aconteceu: alguns torcedores do Fluminense invadem a torcida do Grêmio no quarto anel! E partem pra briga com torcedores do Grêmio, que naturalmente defendem-se e graças ao maior número aplicam uma surra sem tamanho nos "coitados" dos torcedores do fluminense. Alguns torcedores do fluminense conseguem pular o vidro de volta e saem impunes do episódio. Quando achamos que a coisa ia se resolver, vemos outro abuso do "excelente" policiamento local. Eles mandam policiais para controlar educadamente os torcedores hostis do fluminense, enquanto mandavam a tropa de choque para, literalmente, surrar os torcedores defensores gremistas. Outro absurdo! Bem, isso já seria o suficiente para estragar a noite de qualquer torcedor. Mas ainda não acabou. O "Gaúcho" (Juliano Franczak), torcedor já tradicional da Geral do Grêmio estava torcendo sem prejudicar ninguém, utilizando sua muleta, pois estava com o pé machucado. Porém em determinado momento, ele aproveitou a muleta para fazer uma haste para uma pequena bandeira do Rio Grande do Sul que ele carregava. Quando para nossa surpresa vemos mais de 6 homens da tropa de choque invadir o local e levar o "Gaúcho" preso. A torcida faz então um protesto pacifico: abre um corredor do policial que se encontrava no campo observando e apontando os culpados, o verdadeiro dedo-duro, até o local onde estava o dito torcedor. Neste local estava sua acompanhante, aos prantos, ostentando a bandeira que ele carregava. Nada demais não é? Não para a polícia. Assim que o policial dedo-duro pôde, ele chamou um cinegrafista, provavelmente da própria polícia, e disse: "filma o rosto de cada um, da um zoom". O rapaz filmou por alguns segundos e foi embora, assim como o dedo-duro. Passou alguns minutos e vi novamente a tropa de choque entrando. Nesta vez, levou mais dois ou três presos. E desconfio,não pude ver direito, até a acompanhante do "Gaúcho" que nada fazia a não ser chorar e ostentar sua bandeira. [Correção: Me foi esclarecido que a namorada do "Gaúcho" não foi levada, mas outros a sua volta foram. Também foi dito que o Juliano ficou até 1h30 da manhã no Jecrim sendo acusado injustamente de inflamar as pessoas com sinalizador, visto que eles achavam que o "Gaúcho" tinha os sinalizadores.] Isto tudo aconteceu e ainda não havia nem terminado o primeiro tempo. Quando o juiz por sua vez apitou o final do primeiro tempo imaginei que as coisas iriam se acalmar. Porém ao conversar com um amigo ao meu lado, criticando justamente as ações do policiamento, da falta de organização da OAS e da conivência do Grêmio, recebo ameaças de um torcedor ao meu lado, um torcedor que nem é parte da Geral do Grêmio, era na verdade também morador de Florianópolis, cidade de onde saí para assistir a este 0x0 em noite lamentável do Grêmio, da OAS e do policiamento. Ao me ver num confronto direto com um gremista, preferi não discutir e como pessoa sensata que sou, sair dali. Resolvi ir comer alguma coisa. Neste momento começava o segundo tempo. Ao subir em direção às lanchonetes me deparo com outra cena deplorável do ja lastimável policiamento: a tropa de choque da polícia em formação encarando todos que por ali passavam. Eu não sabia se me sentia protegido ou com medo com eles por ali. A empolgação tomava novamente conta do estádio, e diversos torcedores se aglomeravam próximos aos túneis de acesso as arquibancadas para assistir ao jogo, vários outros torcedores cantavam ali mesmo no corredor, e alguns deles cantavam encarando de volta a tropa de choque. Eu, ja estava na fila da água do outro lado. Porém por um momento olho para o lado, em direção aos torcedores cantando, quando vejo o policiamento fechar duas portas de vidro, uma de cada lado do corredor, deixando somente pequenas passagens próximo da arquibancada, ou pela própria arquibancada livres. Eu estranhei e logo pensei que seria uma armadilha, um "corredor polonês". Dito e feito, alguns segundos depois, próximo a porta de vidro, mas do lado são e salvo, vi inúmeros policiais batendo em torcedores gremistas, inclusive meninas, com cassetetes de madeira. Uma cena lamentável, horrorosa e que nunca imaginaria ver. Fiquei assustado, com medo e envergonhado. A partir daí achei um lugar seguro, próximo ao local destinado para os cadeirantes e de lá assisti ao que restava do jogo. Já pensando em quanto tempo eu levaria para voltar lá. 
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Depoimento de Álvaro Gattiboni Lopes
Não conseguiria passar o dia de hoje sem fazer esse relato: Ontem fui ao jogo com o meu primo Dante, chegamos por volta das 8:30, para dar tempo de tomar uma cerveja, sem estresse. Por costume fomos até o Bar dos Borrachos, em frente a rampa Leste. Enquanto bebíamos acompanhávamos uma banda tocar, que pelos instrumentos não parecia ser a Geral. A gurizada estava tranquila, fazendo a festa sem incomodar ninguém. Uns 15 minutos depois de chegarmos no bar veio o BOE, com homens à cavalo e outros a pé, fazer o cordão de isolamento para passar a viatura da Brigada Militar. Contudo eram muitas pessoas, eles queriam que saímos muito rápido, comparado com o número de pessoas que tinham no local, as vielas não davam vazão para toda aquela gente. Com aquela delicadeza que todos conhecemos, os "cidadãos" que estavam sobre o cavalo se irritaram e jogaram os animas sobre o pessoal, sem pensar nas consequências.Foi aquele desespero, mulheres e homens se pechando e procurando um lugar para escapar. Eu "consegui escapar" passando por entre o peito de um dos cavalos e um poste de luz, um espaço justo, foi o quanto deu para eu passar. Quando pensei que havia escapado daquela confusão iniciada pelo BOE, vejam bem, INICIADA PELO BOE, veio o batalhão de choque, formado por homens com cassetetes e escudos para cima dos torcedores. Aí eu percebi que a coisa tinha ficado mais feia do que eu podia imaginar, portanto resolvi correr, foi aí que senti a primeira paulada no cotovelo direito, pegou meio de raspão mas forte, e num segundo momento levei outra, nas costas, essa um pouco mais forte. Segui correndo para longe daqueles MARGINAIS de farda....
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Links da barbárie

Vejam aqui: Policial aos 0:32 falando: "Aqui não é o Olímpico"

Mais um vídeo aqui.

Neste aqui: Torcedor do fluminense que invadiu é ajudado a voltar enquanto a torcida gremista apanha da tropa do BOE.

Um outro aqui.

Mais outro aqui:

E outro mais aqui

http://d.pr/i/mAvK

Por fim, um post muito importante sobre o que está acontecendo no blog Quero ser sócio do Grêmio.