29 de maio de 2013

Ainda a Grenalização da patifaria

Desculpem a recorrência no tema, mas acho que o episódio foi tão grave que o que escrevi no post abaixo não reflete o significado deste e muito menos a minha indignação.
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Os brasileiros estão tão habituados a conviver com o que "alguns" convencionaram chamar de "malfeitos", mas que na verdade é a patifaria na sua forma mais podre, que muitos já perderam totalmente a noção de decência, honradez e vergonha.
Os brasileiros estão há tanto tempo acostumados em ver que o dinheiro e a política imunda regem a sociedade que estão anestesiados e já não conseguem muitas vezes discernir o certo do errado. Por isto chama a atenção quando se encontra uma atitude honesta e digna. Como se isto fosse uma grande virtude e não uma obrigação do cidadão.
O episódio da condenação da família pilantra foi apenas mais um a mostrar esta triste realidade.
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Vamos resumir o episódio sem citar nomes para tirar o viés supostamente condenatório por eventual inimizade ou desprezo com os participantes:

  1. sujeito faz um muro que cai sobre a casa de outro;
  2. outro reclama do prejuízo e do incômodo e solicita providências;
  3. sujeito não dá a mínima importância à reclamação e deixa tudo como está.
É possível alguém com o mínimo de cérebro, de educação e de formação moral achar isto normal ou até mesmo aceitável?

Mas sigamos adiante no episódio:
  1. o outro, sem alternativa, procura o judiciário;
  2. judiciário tenta intimar o sujeito;
  3. sujeito se esconde e não dá a mínima sendo julgado à revelia;
  4. judiciário condena o sujeito e critica o comportamento deste.
Algo a objetar sob o ponto de vista jurídico e legal?
Impossível que alguém com o mínimo de cérebro, de educação e de formação moral encontre algum erro na sentença.
Impossível? Ledo que não é Ivo engano meu caro.
Um jornalista, ou alguém que se intitula, assim resolveu fazer uma matéria sobre o caso e entrevistar o julgador.
E então o inacreditável aconteceu.

Jornaleiro fez a matéria e após ouvir todo o relato do juiz, forte como deve ser forte a posição de alguém indignado resolve perguntar o que segue:
Zero Hora — Em seu despacho, o senhor emite juízo de valor ao se referir à família Moreira. Isso é correto?ZH — O senhor tem algum problema pessoal com Assis ou com alguém da família?ZH — Por que o senhor redige sua sentença de forma tão contundente?
Até aí, as perguntas são um tanto estranhas mas dentro de um mínimo de decoro. Então, o elemento saiu do armário da forma mais lamentável e mediocre que poderia sair.

ZH — O senhor se importaria de revelar se é gremista ou colorado?
Para sorte de todas as pessoas de bem o juiz respondeu o seguinte: 
Sou colorado. Mas não sou fanático. Quando o Grêmio joga a Libertadores ou enfrenta outros times do Brasil, torço pelo Grêmio. Sou bem bairrista, bem gaúcho. Eu queria muito que o Ronaldinho jogasse no Inter, mas isso vai ser bem difícil. Ele joga demais, merecia ter sido convocado pelo Felipão.
Imaginem se ele dissesse que é gremista o que seria deste estado no dia de hoje e nas próximas duas ou três semanas.
E temos que conviver dia sim e outro também lendo e ouvindo que os jornaleiros são imparciais. ImaprSCIais sim. Imparciais nem em Catuípe.
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Mas eu falei que para sorte de todos o juiz é colorado? Sim, menos dele, mais um coitado mazembado. Mas que o que ele fez resgata a esperança de que um dia as coisas podem mudar neste país... Ah resgata!