12 de maio de 2013

Daniel Matador e Agostini: Salários, obras e remendos

Caros

Muitos talvez não tenham percebido, mas o Grêmio tem promovido uma reengenharia muito interessante no departamento de futebol. A Pitica, em sua última coluna, citou algumas das cifras que o clube está economizando com a reavaliação da equipe de atletas profissionais, tanto com o remanejo quanto com a reposição. Por desconhecimento ou outros fatores quaisquer, ainda há gente que condena este tipo de prática, como se o velhinho que está lá não tivesse muita cancha neste tipo de negócio. E a situação aqui não é sequer o pagamento de vultosos salários, um mal que tem alastrado-se pelo futebol brasileiro há alguns anos. Se o atleta custa muito, mas dá um retorno proporcional, sem problemas. O triste é quando temos gente do quilate de Willy Zé ganhando o que ganha e rendendo o que rende.
Há alguns anos atrás o jornalista André Iki Siqueira lançou o livro João Saldanha – Uma Vida em Jogo, onde contava a trajetória deste gaúcho do Alegrete. Saldanha mudou-se ainda criança do Rio Grande do Sul e sua família estabeleceu-se por fim no Rio de Janeiro, onde ele chegou a jogar profissionalmente como atleta do Botafogo. Como comentarista esportivo, era um crítico ferrenho dos jogadores e técnicos. Mesmo sem ter experiência, o Botafogo o contratou como técnico e ganhou o campeonato carioca. Um ano antes da Copa do Mundo de 1970, João Havelange o contratou como técnico da seleção brasileira. Fez uma campanha espetacular nas eliminatórias, mas acabou sendo substituído por Zagallo, que acabaria por conduzir a seleção ao tricampeonato no México. Até hoje diz-se que a base montada por João Saldanha foi a grande responsável pelo sucesso daquela seleção.


Mas o ponto que quero ressaltar aqui e que diz respeito ao tema levantado pela Pitica em seu post é a questão dos salários dos jogadores. Quando era técnico do Botafogo, Saldanha reuniu-se com a diretoria do clube para discutir um aumento de salário para Garrincha. Um dos dirigentes do clube, que era engenheiro da Light, alegou que Garrincha já ganhava bem e queria ganhar ainda mais. Se dessem o aumento, ele acabaria ganhando mais do que ele, um engenheiro com nível superior. Bem em seu estilo gaudério, Saldanha replicou: “Dá licença de fazer uma observação? Olha, se você fosse o Mané Garrincha da engenharia nacional, naturalmente estaria ganhando o mesmo que ele. Mas, como você é um engenheiro de merda, o seu salário é esse mesmo”.


Portanto, caros leitores do blog, não fiquem tristes quando um Marcelo Moreno da vida sai do clube. Seu custo benefício claramente não compensa. A aposta em jovens promessas sempre rendeu bons frutos ao Grêmio e esta prática pode estar sendo retomada da maneira certa com a gestão atual. E, já que falamos em engenharia (por conta da historinha do Saldanha), não podemos deixar de ressaltar o belíssimo acompanhamento das obras do remendão. As barrinhas metálicas estão fazendo o maior sucesso em congressos de engenharia mundo afora. Até agora os especialistas não entendem como não pensaram nisto ainda. Seguindo nesta linha, o blog brinda vocês com mais uma pérola de nosso expert em edição de vídeo, Marcos Agostini, com roteiro deste que vos escreve. Iremos inscrever este vídeo para concorrer ao próximo Oscar de Curta Metragem. Hollywood é o limite!

Saudações Imortais