15 de junho de 2013

Daniel Matador: Mudando o Jogo




“É inacreditável o quanto você não sabe do jogo que tem jogado a vida toda”.
Billy Beane, em Moneyball

Caros

Em 2011 o marido da Angelina Jolie protagonizou um dos melhores filmes sobre esportes que já vi. Moneyball – O Homem que Mudou o Jogo, baseado no livro de Michael Lewis, conta a história de Billy Beane, gerente do time de beisebol do Oakland Athletics. Por não ser uma equipe de ponta, conta com pouco dinheiro em caixa para montar o time para a temporada. O próprio presidente do clube sabia que seus melhores jogadores sairiam para jogar em equipes maiores e que permanecer na elite já seria o suficiente, visto que seu orçamento era de quase um terço em relação ao New York Yankees, o principal clube da liga. Beane acaba contratando o jovem Peter Brand, que havia desenvolvido um programa de estatísticas para selecionar atletas. O princípio do sistema envolvia montar uma equipe com base nas médias de atuação dos jogadores. Desta forma, o clube passa a contratar atletas que não são superastros, apostando mais no conjunto em detrimento dos valores individuais. Quem não assistiu, trate de fazê-lo. É uma aula.


O time atual do Grêmio passa por uma situação de transição. Mesmo jogadores com reconhecida competência, como Barcos e Vargas, têm sofrido para repetir no clube o que já fizeram em passado recente por outras equipes. O revés na Taça Libertadores ensejou uma mudança de conceito que está também traduzindo-se na reformulação do elenco. Peças saíram (André Santos, William José, Marcelo Moreno, Facundo Bertoglio), outras estão sendo “escanteadas” (Cris, Fábio Aurélio, Marco Antônio) e apostas chegaram recentemente (Gabriel, Maxi Rodriguez, Cristian Riveros, Moisés).

Muito do que está sendo feito é semelhante ao que Koff fez em suas outras gestões no clube. Contratar alguns jogadores tarimbados e apostar em contratações “sem nome” deram certo das outras vezes. Uma terceira prática, infelizmente, ainda não está sendo possível: o investimento em “pratas da casa”. Fernando, o único que estava na equipe, foi recentemente negociado. Um ótimo negócio, por sinal, considerando-se os valores envolvidos. Apenas recentemente as categorias de base começaram a despontar com algumas peças que podem aparecer na equipe principal. Nomes como Lucas Coelho e Yuri Mamute devem receber chances no Brasileirão. Mais talentos da base, contudo, devem ser garimpados para ascender ao time profissional. Esta sempre foi uma marca do Grêmio que começa a ser retomada. Como no filme, a força do conjunto historicamente tem sido o impulsionador do Grêmio para as vitórias. Ao reproduzir este modelo, temos grandes chances de sucesso.

A Pitica, em seu último post, perguntou como a torcida escalaria o time, principalmente em face da contratação de um quarto jogador estrangeiro (quando a legislação permite apenas a atuação simultânea de 3 estrangeiros no Brasileirão). Entrei na brincadeira e resolvi, utilizando minha consagrada análise cartesiana (semelhante à mostrada no filme Moneyball) e meu incrível talento futebolístico, montar o que seria meu time do Grêmio, dadas as opções atuais. E o que daria para fazer com algumas peças sobressalentes. O sistema, para facilitar a compreensão, é o 4-4-2.

Goleiro: contrariando grande parte da torcida, manteria Dida no gol. Suas últimas atuações não comprometeram e, ao contrário, ele tem feito algumas boas defesas e intervenções. Deve aposentar-se no fim do ano, portanto o calvário de Grohe está acabando. Em seguida ele assume a titularidade. Para o futuro, investiria no jovem Ygor, destaque da base. É alto e tem personalidade. Mesmo sendo guri, deixou a barba crescer para mostrar maturidade. Se for bem trabalhado, pode render.

Lateral-direito: no momento, não tem muito o que fazer. Pará é a opção natural, apesar de que no primeiro jogo após a parada da Copa das Confederações ele não poderá atuar (tomou o terceiro cartão amarelo). Isto dará chance para ver o que Moisés poderá fazer por lá, mesmo estando relacionado no plantel como volante. O jovem Tinga lesionou-se no Torneio de Toulon, servindo a seleção brasileira. Caso se recupere, pode ter sua chance. Vinha fazendo boas apresentações com a seleção.

Lateral-esquerdo: aqui também não tem muita invenção. Alex Telles permanece até que alguma novidade surja. Mas qual novidade poderia alterar isto? No momento, apenas alguma atuação excepcional nos treinamentos do recém contratado Wendell, oriundo do Londrina, ou mesmo do jovem Léo Campos, de passagem apagada no campeonato catarinense, mas que destacou-se na base no ano passado.

Zagueiros: nesta área serei ousado, tomando por base minhas privilegiadas informações. Pelas características, escalaria o recentemente contratado Gabriel na zaga central, deixando a quarta zaga com qualquer outro zagueiro do elenco, menos Cris ou Saimon, visto que nesta posição o risco de expulsão é grande e ambos já mostraram sua aptidão para tal. Quem sabe não está pintando outro zagueiro no tricolor? O jovem Gerson poderia receber mais chances, visto que outros muito piores já foram escalados ali. Mas teria de entrar aos poucos, para não se queimar, como já ocorreu com outros pratas da casa.

Primeiro volante: mesmo com muita gente contra, meu escolhido aqui é Souza. Suas últimas atuações na segunda volância têm limitado suas aptidões e comprometido seu desempenho. Poucos jogadores conseguem cumprir função tática e ao mesmo tempo sabem jogar como ele. Na primeira volância retomaria as grandes atuações que teve no ano passado. Para sua reserva, Adriano e Ramiro têm dado conta do recado sem comprometer.

Segundo volante: sem discussão, Cristian Riveros. Chegou pronto para esta posição. Aqui vou além: se demonstrar aquilo que meus contatos paraguaios me falaram que é capaz (não, não foi o Hernández), Riveros tem condições de assumir a braçadeira de capitão. Infelizmente, não tem substituto ideal à altura, tendo o Grêmio que improvisar algum outro volante aqui. Da base, teríamos o jovem Misael, que já atuou aqui na base. Entretanto, segundo informações que tenho, não é jogador para o Grêmio.

Meia de armação: sem inventar, Zé Roberto. Se alguém precisar de explicação, favor voltar para o primário. Seu reserva imediato seria Elano, que também pode atuar na segunda posição da meia.

Meia atacante (ou enganche): caindo de maduro, a escolha óbvia é Biteco. O garoto possui as características necessárias, como velocidade e drible. A sequência de partidas poderá moldá-lo e torná-lo um dos melhores do país na posição. Seu reserva poderia ser Maxi Rodriguez, porém este não teria como atuar caso Riveros, Vargas e Barcos estejam em campo. Uma composição com Elano teria de ser a solução até que Jean Deretti pare de frequentar o DM e passe a frequentar o campo de jogo.

Segundo atacante (ou atacante de velocidade): Vargas, claro. Seu reserva? Aí complica, pois Welliton ainda não mostrou a que veio e Kléber não possui velocidade, apesar de poder atuar como segundo atacante. Mamute possui outra característica, porém tem velocidade e costuma ter vitória pessoal contra marcadores, podendo ser boa opção.

Centroavante: Barcos ainda reúne as melhores características dentro do elenco atual. Deve, contudo, ser fixado na centroavância e parar de sair da área para buscar jogo. Seu reserva imediato tem de ser, obrigatoriamente, Lucas Coelho. O garoto tem de entrar em todos os jogos para pegar ritmo, podendo ser até mesmo para jogar os últimos quinze minutos. É um centroavante com rara combinação de técnica, velocidade, conclusão a gol e visão de jogo. Atualmente, está mais lapidado do que Mamute para entrar na equipe principal.

E na casamata? Depois de toda essa explanação, só tenho um nome para sugerir: Daniel Matador. Mas como não quero perturbar o ambiente, até que as coisas mudem, deixa o Pofexô por lá. Mesmo que seja inacreditável o quanto ele não saiba do jogo que tem jogado a vida toda, tem outro tiozinho lá que sabe. E muito.

Saudações Imortais