15 de setembro de 2013

110 anos de pura paixão

Era uma vez um pequeno que gostava de jogar futebol e que jogava em campos de terra, de quase grama, de paralelepípedos e de lama.

Era um vez uma criança, que a roda da vida fez gremista. Um menino que escutava em um rádio de válvulas os gols de Alcindo, Joãozinho e Babá. Para quem o Olímpico era um olimpo, onde seus deuses certamente se deleitavam comendo ambrosia nos intervalos dos jogos.

Era um vez um historiador que conheceu a história de Lara, de Gessy, de Juarez e de Foguinho folhando revistas e adormecia imaginando como deveria ser a vida na idade média do futebol.

Era uma vez um devoto, em cuja lembrança de ter visto um deus ao vivo, pela primeira vez, este atendia pelo nome de Alvimar Eustáquio de Oliveira ou, simplesmente, Mazinho e flutuava envergando um manto sagrado e tricolor.

Era uma vez um jovem que tirou com André Catimba a lição de que a gravidade não se desafia, se controla, quando viu o cientista baiano parar no ar, dois metros acima do solo, para executar uma bicicleta mortífera, diretamente para dentro da rede adversária. E entendeu, com Hélio Dourado e outros tantos, que não era um solitário no amor sem limites por um clube de futebol.

Era uma vez um homem feito, que atravessava meia cidade caminhando com seu irmão, para ver o Grêmio, sob sol ou chuva. E aprendeu ser o Grêmio uma fonte inesgotável de alegrias. Que jamais viu nos revezes brotar a semente da tristeza, pois sempre vislumbrou o broto da esperança rompendo a frágil casca do desencanto.

E viu, também com seus próprios olhos, um foguete decolar dos pés de Renato, aterrissar na cabeça de César e explodir nas arquibancadas de um Olímpico Monumental enlouquecido com a conquista da América. E, depois, caminhou meia Porto Alegre levando a esposa pela mão, para encontrar outros apaixonados que gritavam seu amor na madrugada de Tóquio.

Era uma vez um torcedor já sem tempo e sem idade, que não consegue e nem precisa explicar um sentimento indomável e que nunca se termina. Apenas necessita e quer vivê-lo eterna e intensamente, como devem ser vividos os grande e os melhores amores.

Parabéns e obrigado por tudo meu velho e querido Grêmio!