3 de outubro de 2013

Desembrulhando o pacote

Prezados leitores,

Vocês que acompanham o blog sabem que nos últimos posts que tenho escrito sobre o desempenho do time do Grêmio  basicamente tenho destacado quatro aspectos que julgo os mais importantes para que uma equipe de futebol obtenha sucesso.

Resumindo meus pitacos dados neste blog,  eles se dividem nas seguintes categorias.

a) Equipe de operários;
b) Esquema 10-0; 0-10 (não procure por aí, porque essa nomenclatura foi inventada por mim e você não vai achar em nenhum manual de futebol);
c) Um time precisa ser uma equipe e não um grupo;
d) A importância de um meia que faça a criação para o ataque concluir.

Então, desembrulhando o pacote gostaria de expor item por item a minha teoria, já que no jogo de ontem, o Grêmio finalmente chegou onde eu queria e,  agora sim, está ficando do jeito que eu gosto.  Os jogadores mostraram  que é possível  ser competitivo e jogar bem sem que uma coisa , necessariamente,  exclua a outra. 
Em primeiro lugar, dou minhas idéias e pitacos simplesmente baseada naquilo que vejo em campo. Muita gente pensa que mulher não tem percepção  e por isso não entende nada de futebol. Na realidade, isso não existe e é um grande equívoco. Já disse aqui,  muitas vezes, que tática não é minha praia. Aliás, quando ouço os "verdadeiros entendidos" debatendo tática, confesso que acho que nem eles sabem ao certo do que estão falando. Nessas discussões, percebo que eles falam de coisas que nem estão acontecendo em campo, mas querem porque querem enfiar o resultado de campo dentro de sua teoria. E, por conta disso, várias vezes os debates resultam em conclusões patéticas.

Pois bem, sou apenas uma torcedora que acompanha futebol desde os quatro anos de idade, assistindo e jogando. Então, posso dizer que estou nessa há muitos anos. Na maioria das vezes, tenho convicção naquilo que estou falando e por isso não me mixo para as críticas que recebo. Cresci obrigatoriamente (não tinha como não fazê-lo)  ouvindo junto com meu pai o rádio em altos brados (com bom-bril na ponta da antena )  gente do calibre de Ruy Carlos Ostermann, Lauro Quadros, Cândido Norberto, Milton Ferretti Jung e muitos outros. Impossível não ter aprendido alguma coisa com profissionais dessa qualidade.

Então, voltando à vaca fria, vamos ao que realmente interessa:

a) Equipe de operários: futebol é um esporte coletivo. Quando não existe um talento raro que se destaque acima dos demais e que resolva sozinho, é necessário que haja doação de TODOS os atletas. Trabalhar duro e pesado é imprescindível para ter sucesso nesse caso. Deixar as vaidades (e valor conta bancária) de lado  e assumir responsabilidades é fundamental para entender suas limitações. O medalhão que ganha R$400 mil tem de agir como o menino assalariado que ganha R$8 mil. Todos ralando de modo IGUAL por um objetivo comum. Disputa de egos não cabe nessa fórmula. Renato está conseguindo fazer com que todos entendam  que  são peças fundamentais e precisam se doar IGUALMENTE durante a partida.

b) Esquema 10-0;0-10: não importam números, mas sim o que cada jogador faz dentro de campo. O importante é não engessar ninguém e ter muito claro que todos terão múltiplas funções dentro de campo. No futebol moderno, todos devem estar preparados tanto para a defesa como para o ataque. A figura da estrelinha "mãos na cintura" já está para lá de ultrapassada. No meu esquema, TODOS defendem e TODOS atacam. É com  muita alegria que vejo Barcos e Kléber combatendo o adversário como verdadeiros soldados, ao mesmo tempo que assisto Ramiro e Riveros atacando a goleira do rival como leões famintos. No jogo de ontem, todos foram perfeitos. Defesa e ataque defenderam. Defesa e ataque atacaram. Eles estão entendendo muito bem a dinâmica.

c) Um time precisa ser uma equipe e não um grupo: na oportunidade que escrevi o post "É preciso mudar conceitos e atitudes" destaquei a diferença entre GRUPO e EQUIPE. Ao que um "expert" em futebol chamado Tony Moretti comentou no blog: " A Pitica é a prova viva que mulher não entende NADA de Futebol." Pois bem , há três dias, ele deixou o seguinte comentário, ainda naquele post: " Desculpe a demora, fui na Argentina ver uns jogos de verdade e ver treinadores estrategistas. A fórmula pra ser campeão é EQUILÍBRIO. Um time se faz com 18 titulares se revezando conforme o jogo, sempre equilibrando a intensidade de jogo. Falando especificamente do Grêmio, seu treinador até não é ruim, mas fica escravo do  esquemas que cria ( vide 2010 ). Só tem um zagueiro confiável, seus laterais não sabem sair jogando e o meio erra passes demais e não abastece o ataque. Este setor vive do recuo de Barcos a buscar jogo e colocar jogadores em condição de finalizar. O coitado só recebe "abóboras" e devolve merengues. Deveríamos partir das referências técnicas (Rodolpho, Roberto, Elano, Barcos e Kleber ) e ao redor destes, montar uma equipe de futebol. Simples assim."
E agora, sr. Moretti, depois que Renato provou que não é homem de um esquema só e está dando nó em pingo d'água, o senhor que foi assistir "jogos de verdade e ver treinadores estrategistas"  , o que tens a nos dizer? Seria o senhor parente de Celso Roth?
Eu que não entendo nada de futebol, leio melhor o jogo que o senhor que insiste em bater na tecla Zé-Elano. Os números do desempenho da equipe não mentem. (E só para lembrá-lo: a grafia de Rhodolfo está errada. O "h" é depois do "R").

d) A importância de um meia que faz a criação para o ataque: continuo imaginando que um meia criativo que faça a ligação entre o meio e o ataque é imprescindível numa equipe. Mas Renato está revogando essa certeza. Afinal, se ele está ganhando e ocupando um louvável segundo lugar no campeonato sem um meia de origem, quem sou eu para discordar?

Mas a verdade é uma só, os "entendidos" e "estudiosos" que até viajam para aprender futebol estão verdadeiramente exasperados porque o treinador do Grêmio está definitivamente embaralhando as suas idéias cristalizadas sobre futebol. Nada mais é como eles pensavam ser. E quanto a isso, lamento profundamente, mas não posso fazer nada.