27 de outubro de 2013

O silêncio dos culpados


No dia 28 de agosto de 2013, o Grêmio enfrentou o Santos na Arena, pela Copa do Brasil. Naquele dia, o torcedor Evandro Godoy Kunrath, de 40 anos, que transitava em direção ao estádio, foi atingido no olho direito por três tiros de borracha, disparados numa ação da Brigada Militar. Testemunhas garantem que ele não estava envolvido em nenhum conflito (vejam a descrição do conflito aqui).

À época, o tenente-coronel Eduardo Biacchi, Comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, unidade que atuou no confronto, assegurou rigorosa investigação. Outra autoridade policial, o coronel Fábio Duarte Fernandes, comandante-geral da Brigada Militar, fixou o prazo de até 40 dias para identificar quem foi o autor do disparo contra o rosto de Evandro.

Hoje, decorridos 60 dias do lamentável episódio, nenhuma informação foi dada à sociedade sobre a desastrada ação da BM. Silêncio total do Governo do Estado e das autoridades policiais. Nem mesmo a "diligente" imprensa gaúcha, sempre pronta a entrevistar mães, pais e, se necessário, papagaios de jogadores para alimentar suas pautas recheadas de matérias inúteis, teve a iniciativa de buscar informações sobre o caso.

Aparentemente, o episódio descansa sob o tapete da impunidade. Enquanto isso, Evandro padece dos ferimentos sofridos. O olho esquerdo recuperou a visão, mas o direito está seriamente comprometido e mergulhado na mais profunda escuridão. A chance de recuperar pelo menos parte da visão é ínfima. A sua luta pessoal pelo olho direito é outra: através de cirurgias, tenta evitar a necessidade de usar uma prótese.

A sociedade espera os esclarecimentos das autoridades. Um cidadão inocente foi atingido e ferido gravemente por forças policiais. Os culpados ficarão protegidos pelo manto do silêncio?