13 de abril de 2014

Daniel Matador: Garra de campeão

Finja que é uma corrida comum, mas pelo amor de Deus, não esqueça que não é.”
Trecho de Garra de Campeão, de Marcos Rey
Caros

Em outubro do ano passado escrevi um post onde citava a saudosa Coleção Vaga-Lume, uma série de livros infanto-juvenis que marcou época para toda uma geração. Na ocasião, citei o livro Bem-vindos ao Rio, de Marcos Rey. Caso alguém se interesse ou queira relembrar, o post é esse http://blogremio.blogspot.com.br/2013/10/daniel-matador-bem-vindos-ao-rio.html

Pois bem, acabei socorrendo-me novamente deste autor e desta coleção para falar do Grêmio e do jogo de amanhã. No livro Garra de Campeão, o jovem Felipe chega a São Paulo e começa a disputar campeonatos amadores de motocross. Por conta de seu talento, passa a vencer e competir em torneios cada vez mais importantes, até chegar a um onde o principal adversário é um veterano das pistas que também é seu adversário fora delas. Recomendo demais a leitura, principalmente para os jovens que querem iniciar este hábito. Na fase final de uma das corridas que vai disputar, Felipe recebe um conselho de seu tio, o grande apoiador de suas peripécias nas pistas. Como já não tinha muito a perder, do alto de sua experiência, ele orienta o pupilo: “Finja que é uma corrida comum, mas pelo amor de Deus, não esqueça que não é”.

Lembrei-me desta frase para sintetizar meu sentimento em relação à partida final deste ruralito direcionado que finalmente chega a seu final de maneira melancólica. Nem vou alongar-me em todas as questões que já vínhamos citando desde o início e que são provas cabais do favorecimento feito a outras agremiações. A escalação do árbitro para o jogo de amanhã é um acinte, um deboche, uma fanfarronice das mais bizarras (para bom entendedor, meia palavra basta). A escolha do local da partida, então, é um dos mais lamentáveis episódios que já se viu no âmbito esportivo na história deste Estado. Nem comento a questão do adiamento do jogo em uma semana apenas para conciliar interesses particulares de um clube. Tudo que envolveu a organização deste campeonato é para lamentar, esquecer e torcer para que nunca mais ocorra.

O Grêmio deverá possivelmente enviar a campo seu time titular, ao menos dentro das condições e atletas disponíveis. A provável equipe será composta por Marcelo Grohe no gol, Pará e Wendell nas laterais, Werley e Rhodolfo na zaga, um trio de volantes composto por Edinho, Ramiro e Riveros, Alan Ruíz sendo responsável pela armação e Dudu e Barcos no ataque. Servirá, na melhor das hipóteses, como um bom treino para a Libertadores da América, onde teremos confronto na semana que vem contra o time do San Lorenzo pela fase de oitavas-de-final. Uma vacina para a possibilidade de não conquistar o título? Nem tanto. Apenas a constatação de que este torneio, que já era levado em pouca conta, vale menos ainda do que se imagina.

Um ponto, entretanto, me faz ver o jogo de amanhã com um pequeno resquício de dúvida. E se o destino for maroto? E se o velhinho que joga os dados estiver inspirado e resolver aprontar? E se aquela cigana louca inventa de tirar uma carta que diga que o Grêmio vai sair campeão? Improvável, dirão. Talvez sim. Mas o destino é aquela garota que pode largar a companhia que a trouxe para a festa achando que tudo já estava no papo e acabar ficando com o rapaz que estava meio de canto no salão. E por isso que clamo aos jogadores do Grêmio: ao adentrarem em campo mais uma vez vergando o manto, finjam que esta é apenas mais uma partida comum. Mas, pelo amor de Deus, não esqueçam que não é.

Saudações Imortais