6 de maio de 2014

Números não mentem, mas escondem coisas

Comentando no blog, ontem, o leitor-analista que assina Claudio MB escreveu:

"Analisem as contas das receitas dos clubes. Atentem para as seguintes rúbricas (sic): Social e Amador e Bilheteria. E depois comentem se todo o mimimi dessa direção tem razão de ser!!!! Deveriam avisar essa diretoria amadora que eles devem publicar os balanços. E que os números podem ser comparados. Nesse caso, sugiro comparar os números com os do coirmão, que sofreram os últimos dois anos com bilheterias ridículas e não estão fazendo tanto escândalo quando o assunto é dificuldade financeira. O que mais aparece nesse discurso derrotista é tentar desconstruir a imagem dos inimigos, tática tão empregada pelo PT nos últimos 12 anos." Link para a matéria citada.

Pede o leitor-analista atenção aos itens "Social e Amador" e "Bilheteria". Depreende-se deseja defender o ponto de vista de que não houve a perda de receitas que se diz, em função da Arena. Na carona, aproveita para atacar a atual direção, tratada como sua "adversária".

A publicação crua de dados e a inferência que se faz sobre eles, não raro, induzem a erro. Um número fechado, pode ocultar detalhes importantes. Vamos ao caso concreto.

O quadro abaixo mostra os dados destacados pelo leitor-analista.


Nele se vê o item "Social e Amador" crescendo de R$ 46 milhões em 2012, para R$ 58 milhões em 2013. Ocorre que, pelo contrato de cessão onerosa assinado pela gestão anterior, que detém a simpatia do leitor-analista, o clube deveria pagar R$ 42 milhões à Arena. Sobrariam, então, dos R$ 58 mi, apenas R$ 16 mi. Compare-se ESTE número com os R$ 46 mi do ano anterior para concluir se o "mimimi", como diz o leitor-analista tem razão de ser. Na prática, o clube reteria apenas 35% da receita gerada pelo QS em 2012.

Já o "embaçamento" na análise do item bilheteria é de outra ordem. Em 2013, tivemos poucos jogos no Olímpico, no início do ano, quando o gramado da Arena não apresentava condições. A renda total auferida foi de apenas R$ 2,3 milhões. Dos R$ 9 milhões mostrados na reportagem, R$ 6 milhões referem-se a premiação pelo segundo lugar no Campeonato Brasileiro. Nada têm a ver, portanto, com "Bilheteria". Números não mentem, mas escondem coisas.

Aliás, sem jogos no Olímpico, deixa-se de arrecadar em torno de R$ 17 a R$ 20 milhões/ano, os quais, acrescidos aos R$ 42 milhões da cessão onerosa, levam a um montante subtraído do caixa do clube de R$ 59 a R$ 62 milhões. Mimimi uma ova! Houve, sim, perda substancial de arrecadação com a mudança para a Arena. Parte sustancial das receitas do QS foi resgatada pela renegociação do contrato, levado a termo pela gestão do presidente Koff.

Há outras informações ocultas nas tabelas, que ajudam a desinformar, mas fiquemos por aqui.
_____

Obs: Arigatô colaborou com alguns esclarecimentos.