1 de agosto de 2014

Daniel Matador: A volta dos que não foram

                                    
                                      “Quando penso que estou fora, eles me puxam de volta!”

                                                     Michel Corleone, em magistral interpretação de
                                                     Al Pacino, no derradeiro filme que encerra a
                                                     imortal trilogia O Poderoso Chefão.
                                                                        

Caros

A semana iniciou com um domingo que prometia um bom jogo na Arena contra o Coritiba de Celso Roth e Alex. O único técnico revelado pelo pessoal da beira do lago em sua história, Roth surgiu como um treinador mais conhecido ao receber chance para treinar o pessoal vermelho em 1997, mesmo ano em que Alex iniciava no Palmeiras para tornar-se um grande ídolo. Pois estes dois contemporâneos foram diretamente responsáveis pela saída de Enderson Moreira e a chegada de um mito ao Grêmio. Luis Felipe Scolari, ou simplesmente Felipão, reedita a vitoriosa parceria dos anos 90 com Fábio Koff. A união de forças Grêmio-Koff-Felipão foi a responsável por anos de pesadelos em torcedores do Brasil e do exterior.

Felipão já havia treinado o Grêmio em 1987, conquistando o Campeonato Gaúcho em uma final contra o pessoal da beira da sanga, porém saiu ao final do ano. Ao substituir Cassiá, que havia sido Campeão Gaúcho pelo tricolor em 1993, iniciava ali a construção de uma era. Após penar para montar um time com escassos recursos, sem ter conquistado nenhum título naquele ano e com parte da torcida pegando no seu pé, Felipão foi garantido no cargo por Koff e iniciou em 1994 o trabalho de conquista do Bicampeonato da Copa do Brasil daquele ano. Valendo-se de uma excursão para Londrina, garimpou Emerson, Arilson, Roger e Carlos Miguel. Com base em sua famosa caderneta de contatos, trouxe o desconhecido cearense Nildo, que estava na Caldense. Aproveitou também o desacreditado Fabinho, que havia sido Campeão Brasileiro pelo Corinthians em 1990 e buscava reerguer-se. Pôs no gol um jovem Danrlei e na lateral direita o esforçado Ayupe. E com uma dupla de zaga formada por Paulão e Agnaldo, fez a base que consagraria-se naquele ano.

Pois no ano seguinte, o lendário 1995, Felipão substituiu meio time para a disputa da Libertadores. A dupla de zaga do ano anterior foi trocada por Adilson e Rivarola. Ayupe deu lugar a Arce na lateral direita. E a mítica dupla Paulo Nunes e Jardel foi posta para formar o ataque mais demolidor das Américas naquele ano. E não pensem que a coisa foi fácil. Naquela época o futebol brasileiro contava com equipes formadas por grandes craques. O Palmeiras de Luxemburgo era uma verdadeira seleção, com Cafu, Roberto Carlos, Müller e Rivaldo. O Corinthians tinha Zé Elias, Marcelinho Carioca, Souza e Viola. O Santos tinha o craque Giovanni. O Fluminense tinha “apenas” Renato Portaluppi. O Botafogo, Campeão Brasileiro daquele ano, tinha Túlio. E vários outros times com grandes elencos. Até o pessoal da beira do rio tinha... tinha... bem, tinha craques do quilate de Mazinho Loyola e Leandro Topo Gigio.

E foi no meio deste festival de grandes equipes que Felipão forjou um dos maiores times da história. Pegou jogadores desacreditados, como o ferreiro que junta um lingote de metal vagabundo do chão, e martelou. Martelou, martelou e martelou. Juntou outros metais aqui e ali, fazendo uma liga indestrutível. Usou fogo. Usou ouro. Usou aço. E continuou martelando, até que todos os atletas tivessem um espírito duro como titânio. E mostrassem aos adversários que seria impossível ganhar do Grêmio sem deixar sangue no campo. E que mesmo que deixassem, ainda assim seria quase impossível também.

Felipão sagrou-se Campeão da Libertadores daquele ano. Depois ainda conquistou a Recopa, outro Gauchão e encerrou sua participação no clube com a conquista do Campeonato Brasileiro de 1996. O que aconteceu a partir daí é história. O gringo ganhou o mundo e deu ao Brasil seu último título mundial. Só que nos corações tricolores, ainda pairava o sentimento misto de saudade com esperança. Saudade por ele haver nos deixado. E a esperança de que algum dia ele novamente envergaria as cores que o consagraram.

Pois este dia chegou. Scolari novamente carrega no peito o escudo do Grêmio. Ao lado de Koff, novamente pega um clube do qual todos duvidam. Desembarca ele também sob as sombras da dúvida, após o insucesso da seleção brasileira na última Copa do Mundo. Estão lá os três. Nas fracas mentes dos incautos, juntaram-se novamente o clube desacreditado, o treinador ultrapassado e o presidente senil. Ah, jovens inocentes! Ah, homens de pouca fé! É isso mesmo que eles querem que pensem! Estas três forças sempre estiveram aí. Meio ocultas, por vezes, mas sempre estiveram. E agora uniram-se novamente para iniciar uma nova era. O retorno da tríade Grêmio-Koff-Felipão é a volta dos que não foram.

Gremistas
, vibrai. Adversários, tremei. Eles estão de volta.

Saudações Imortais

P. S.: como todos já sabem, e conforme citei em meu post especial do último dia 25, o Lebon havia sumido. Para quem ainda não sabe, Lebon é o cachorro linguiça aqui de casa. Pois na última segunda-feira, conseguimos localizá-lo. Assim como Felipão, Lebon também voltou pra casa. A alegria parece estar de volta, sem sombra de dúvida.