25 de agosto de 2014

Políticos sem base

No post de 23 de agosto, cujo título é "Ah, Muleque: Veni, Vidi, Vici - Constelação Mental", o leitor Ademir levantou suspeitas sobre a gestão das Categorias de Base do Grêmio. Poderíamos reproduzir o comentário na íntegra aqui. Não o faremos tendo em vista o uso intenso de expressões de baixo calão e xingamentos contido no texto. Em suma, são feitas acusações, baseadas em "uma reuniaozinha na minha cidade", na qual compareceram "...idolos antigos do gremio que estão na poilitica". Estes "me falaram que as categorias de bases estão entregues a JORGE machado e mais um que não lembro". O comentarista finaliza dizendo: "...de hoje em diante larguei de mão pode cair pra segundona que nem to ai ,pois é o que ira acontecer".

Explicamos lá a atual política das Categorias de Base. Porém, dada a relevância do tema e considerando manifestação de outro leitor (reproduzida abaixo), resolvemos fazer um post sobre o assunto.

Vamos por partes.
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A política para as Categorias de Base

Buscamos informações sobre a acusação de que as categorias de base estejam entregues a um empresário e as demais afirmativas do leitor. Obtivemos as seguintes informações:

a) o empresário citado é detentor de direitos econômicos de vários jogadores que já estão nos profissionais. Ou seja, atua junto às Categorias de Base do Grêmio há muitos anos. Ou seja, se os "ídolos antigos e atuais políticos" disseram o que o leitor afirma, estão com informações incompletas ou mutiladas por interesses de outra política;

b) quando a atual gestão assumiu, o Grêmio, um clube de futebol, detinha quase nenhum direito sobre jogadores oriundos da base. O volante Fernando era o único atleta com algum valor de mercado. Jogadores como Guilherme Biteco, para citar um exemplo já havia tido seus direitos econômicos negociados. Em tempo, conforme noticiado na imprensa, o empresário citado participa dos direitos econômicos de ambos irmãos Biteco, bem como de Mamute, entre outros.

c) a direção atual estabeleceu política que visa proteger o Clube na formação de jogadores. Sendo vitrine importante no cenário nacional, fixou como regra basilar não receber jogadores nas Categorias de Base, sem que o clube garanta o direito de deter, no mínimo, 60% dos direitos econômicos do atleta. Esta política contraria o interesses de empresários e agentes que gravitavam o Clube, usando-o como criatório de jogadores. O Grêmio arcava com todas as despesas e usufruia (quando usufruia) de parcela ínfima das receitas, na venda dos jogadores. Hoje, por exemplo, o Grêmio detém 70% dos direitos de Luan.

d) empresários que não concordam com a política definida têm o direito de não colocar os seus jogadores no Grêmio. Porém, inconformados, parecem estar usando ex-atletas para atacar um posicionamento que contraria os seus interesses de rapinagem.

Por fim, sugerimos que aqueles que quiserem ter mais detalhes sobre o assunto Categorias de Base, leiam a matéria divulgada no exemplar nº 2 da Revista 1903.
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Os direitos dos jogadores

O leitor que assina Jonasbsilveira postou o comentário abaixo.

"Na real, por lei, empresário não pode ter direito econômico de jogador. É sempre um acordo que se faz com o clube, um contrato que fica junto do contrato do atleta com o clube e só sobrevive além desse contrato por conta do velho "fio de bigode". 

Os clubes criam os empresários, basicamente... Se houvesse um sistema de transparência para esses investidores, evitando que alguns clubes se favoreçam disso enquanto outros perdem talentos lutando contra eles, seria muito melhor pros clubes."

Aqui, há confusão de conceitos. O futebol envolve dois direitos. O primeiro, é o Direito Federativo sobre o atleta. Este, só um clube pode deter: é o clube que registra o atleta na CBF e detém 100% do chamado Direito Federativo. O segundo, são os chamados Direitos Econômicos. Estes podem pertencer a múltiplos agentes: clubes, empresários, empresas e ao próprio jogador.

Poderíamos estender o assunto aqui. Porém, na internet há matérias capazes de esclarecer melhor o tema. Sugerimos, por exemplo, a leitura do artigo "Direitos Federativos x Econômicos", publicado no site Futebol e Negócio.