31 de dezembro de 2014

Adriana Rodrigues: Cinco mil milhares

Desde que o Grêmio anunciou que pretende colocar as finanças da casa em ordem, uma espécie de histeria tomou conta do mundo. De um lado, torcedores esbravejando e entoando o clássico mantra “Queremos time, não lucro!”; de outro, alguns setores da imprensa criticando a intenção e mostrando “preocupação” com o clube.

O caso dos torcedores é compreensível, até o ponto em que se entenda que o Clube não busca lucro. Quer apenas equilibrar as finanças, gastar o que pode pagar, colocar as contas em dia. Parar com a correria para pagar a próxima folha ou a folha que já passou. Atitude saudável e que deveria ser louvada. É claro que queremos um time que ganhe títulos. Alguém pensa que alguma Diretoria não quer levantar todas as taças possíveis? Como torcedora, eu me coloco no meio termo: saúdo a decisão de respeitar as possibilidades financeiras do clube e espero para ver o time que vem. Temos o Gauchão como laboratório e treinamento. Àqueles que vociferam como se estivéssemos em pleno final dos tempos com a saída de Pará, Dudu e Zé Roberto, peço que façam uma análise criteriosa se, efetivamente, farão falta pelo que apresentaram em 2014.

Já o ponto de vista de alguns jornalistas (dizendo-se preocupados com o Grêmio) é, curiosamente, conflitante com afirmações de alguns deles, quando dizem que os salários do futebol no Brasil são irreais. O Clube faz um movimento para colocar os pés na realidade e eles reagem com a mesma irracionalidade que apontam nos dirigentes em geral. Alguns afirmam que não se faz futebol com uma folha de R$ 5 milhões. Fiz um exercício, sobre o que se pode montar em termos de plantel com esse gasto mensal. Vejam o quadro abaixo. Pode-se contratar 30 jogadores, nas faixas salariais indicadas. Sobram R$ 560 mil para a Comissão Técnica.




Pode haver quem ache que cinco mil milhares não é suficiente, mas é possível sim. Já tivemos inúmeras provas de que de nada adianta trazer medalhões, montar uma equipe com folha salarial altíssima, dar curso às loucuras financeiras do mundo do futebol. Medalhões não garantem nada, além dos ganhos seus e dos empresários que os cercam. Nossas maiores conquistas foram com times sem estrelas, alguns jovens oriundos da base, outros vindo de bancos de reserva de times de fora, do interior do Rio Grande do Sul e do Brasil.

É preciso encarar a realidade de frente e ela é pródiga em demonstrações de que se gasta desnecessariamente no futebol. Contratar não é garantia de formar time. Quanto a isso, não tenho dúvida. Quantos jogadores tidos como ”soluções” acabam na reserva, são emprestados, "encostados", etc... Isso sem falar nas apostas caras. Apostas são apostas, não devem envolver valores elevados. Temos um grupo grande de jogadores. Mais de 60, pelo que se lê. Mas... de que adianta? Consomem volume considerável de recursos, dando muito pouco como retorno. Aparentemente, o Grêmio tem um dos maiores elencos do Brasil. Me refiro a números, Caros. O plantel do Tricolor é muito, muito grande. São anos de muitas contratações aumentando o estoque. É hora de racionalizar e isso não se consegue de uma penada. Serão, talvez, 1 ou 2 anos para desovar as “soluções” do passado.

Acho mesmo que o melhor para o Grêmio em 2015 é a Direção reduzir os custos, o quadro, colocar os garotos da base e livrar-se de quem for possível daqueles que estão somente sugando o dinheiro do Clube e não dando a resposta exigida. Infelizmente, hoje em dia, os jogadores querem é ganhar o seu dinheiro e era isso. Se conquistar ou não títulos, é doloroso, ok, mas são os torcedores que sofrem as piores consequências, que choram. Ao Clube resta lamentar, perde vitrine e faturamento. Perdoem-me, não querendo generalizar, mas já generalizando, esta é a realidade. Amanhã ou depois, os mesmos estarão vestindo outra camisa, e almejando os mesmos títulos em outras praças. Então deve ser feito o que for melhor para o Clube no médio e no longo prazos.

Vejo uma luz no fim do túnel quando ouço as entrevistas de alguns membros da Direção, mas parece que a maioria de nós é obcecada pelo “ganhar Títulos” e ficam cegos e surdos, com relação à realidade do Grêmio. E aí criticam, criticam e criticam. Apoiam fervorosamente o time nos jogos na Arena, mas é um escorregão e vem o "apedrejamento". Felizmente, o alvo da atual Direção é claramente colocar o Grêmio numa linha de equilíbrio financeiro, que irá se tornar requisito fundamental para o sucesso de todos os clubes em futuro muito próximo. Eu serei alvo de muitos torcedores, creio, por expor minhas ideias neste texto, mas só tenho olhos para o bem do Grêmio. Nada mais.

Aliás, o fato de o Grêmio ter falado abertamente sobre a necessidade desse ajuste fez os olhos bem e mal intencionados se voltarem para ele. E fala-se e se fala da crise no nosso Grêmio. Pelo que leio e ouço, não temos a exclusividade disso. Aliás, nem somos o clube em piores condições. Longe disso. Além disso, temos a nosso favor o fato da Comissão Técnica ter entendido a necessidade de se incorporado ao trabalho da Direção. Isso é um trunfo, um ponto positivo e não algo negativo como alguns propalam. Felipão chegou a ser chamado de “primeiro ministro” por um jornalista da praça. Falta a este entendimento de como funciona o mundo real, fora da redação e da caixinha de pesquisa do Google. Permear toda a estrutura com o objetivo buscado é condição sine qua non para se alcançar os melhores resultados.

Por fim, espero que o nosso Tricolor, em que pese estar dando início à uma difícil e intensa caminhada, tenha um próspero 2015. Vamos fazer a lição de casa para poder almejar um futuro promissor. Com determinação e foco. Foco de todos, começando pela Direção e continuando por nós, torcedores.

Beijo Azul!
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Post escrito por Adriana Rodrigues.

30 de dezembro de 2014

"Essa imprensa que cuida do futebol..."

Hoje foram anunciados alguns nomes que tocarão o outro lado. Dentre eles, um homem que aprendeu algo muito interessante. Para quem já esqueceu, republicamos o áudio abaixo.


"Eu aprendi uma coisa nestes últimos (...) que eu também não conhecia. A imprensa hoje, ou parte da imprensa, principalmente essa imprensa que cuida do futebol, é uma imprensa barata."

27 de dezembro de 2014

Um ano calamitoso e um 2015 ainda mais calamitoso

Pois é amigos. A coisa está muito mal no Grêmio. Muito mal. Mas muito mal mesmo. O Grêmio fez um ano calamitoso no futebol.
No campeonato do Novelhaco colocou os reservas em 95 % dos jogos pois estava envolvido com a Libertadores. Só foi jogar com os titulares, sabe-se lá porque, os dois GRE-nadas. Resultado: levou um baile no Tonelão de Caxias, que foi o estádio dos mazembados para o ano. E com isto deixou o Noveletão para quem ele tem sido ano após ano preparado.
Na Libertadores mais um fiasco. Foi o melhor da primeira fase pegando o grupo da morte. Como prêmio por ser o melhor, pegou o timeco do San Lorenzo. Jogou melhor as duas partidas e só caiu fora nos pênaltis. Depois o timeco do San Lorenzo despachou ao natural, sem nenhum problema mais sério, o espetacular, e muito superior ao Grêmio, Cruzeiro e acabou, por sorte, campeão da América. Finalmente, este time ruim demais fez uma final de igual para igual com o Real Madrid no mundial do Marrocos.
No Dilmão mais um fiasco. O time que vinha relativamente bem perdeu o foco depois da eliminação na Libertadores e acabou caindo na tabela. Com isto, o Enderson Moreira saiu e entrou o Felipão. Doze pontos atrás do G4. Estava para assumir o terceiro lugar quando, após um primeiro tempo espetacular, acabou perdendo para o Cruzeiro num jogo inexplicável. A consequência foi uma arrefecida que resultou em derrota apertadíssima contra o timeco do Corinthians lá em São Paulo e acabou o ano.
Um sexto lugar no Dilmão é o mesmo que um rebaixamento. Pelo menos foi o que entendi, e acabei concordando, ao ler os comentários do blog.
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Mas vocês pensam que a desgraça é só esta?
Ledo que não é Ivo engano.
A direção foi anunciar que o Grêmio precisa economizar em 2015. Afinal, os patrocinadores de todos os clubes estão caindo fora, o país está entrando em uma recessão ainda maior, a inflação está saindo de controle e a prisão dos homens da OAS atrasou o fechamento do contrato de compra da Arena. Claro que duas comissões do CD tricolor também atrasaram ao pedir para furungar o contrato, mas isto é irrelevante.
Pois foi o anúncio da economia e a imprensa se lavou. O Grêmio teve um débito 4 vezes menor do que o cocô-irmão, mas o único falido é o Imortal. Só se fala em debandada de jogador do lado de cá. Enquanto isto, Messi só não será anunciado do lado de lá por humildade e para não humilharem os torcedores dos outros times.
Não houve uma única contratação de peso no país, mas quem está mal é apenas o tricolor.   Pelo menos foi o que entendi, e acabei concordando, ao ler os comentários do blog.
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Mas e 2015?
Eu já estou chorando antecipadamente.
Marcelo Grohe será o goleiro. Até não é mau.
A zaga terá os medíocres Rhodolfo e Geromel.
Na lateral direita o ídolo Pará foi embora (apesar de que ainda não está confirmado e ele pode voltar) e o promissor Zé Roberto foi dispensado na esquerda.
Contrataram um tal de Marcelo Oliveira. Que tal, perguntei para um cara lá de dentro? Não é craque mas tem muita personalidade.
Na volância temos apenas o titular da seleção nos próximos 10 anos Wallace, o Matheus Biteco, o Riveros e Ramiro.
Para a meia, espera-se a recuperação de Giuliano. Enquanto isto Douglas chegou para ser o cara do Felipão e, mais importante, fala-se maravilhas de Lincoln. Se ele for tudo o que dizem, teremos o melhor jogador do Brasil jogando toda a semana na Arena.
E na frente tem Luan, Barcos, talvez Moreno, Erik, Lucas Coelho, Éverton, Máxi Rodriguez e mais alguns juniores.
Realmente, este time fatalmente será rebaixado.  Pelo menos foi o que entendi, e acabei concordando, ao ler os comentários do blog.

25 de dezembro de 2014

Já temos uma base



Desejamos um ótimo Natal para os que gostam e também os que desgostam do blog. Pelo menos, o lado positivo disso é a diversidade. O espírito natalino recomenda que nessas horas, vivamos em confraternização dando uma trégua para a paz e boa convivência.
Ao contrário da maioria, quando todos se recuperam das festas, é o momento que mais gosto de trabalhar. Talvez por só tomar espumante sem álcool. Aquele sabor docinho é cool.

Enquanto os outros participantes do blog se refestelam nas festas de fim de ano, fico aqui torcendo para que esta última semana voe e tenhamos logo a volta do nosso Grêmio. Fico imaginando o nosso time para o ano que vem e o que Felipão poderá extrair dele. Visualizo mentalmente a formação em campo e até projeto a atuação de algumas novidades. Enxergo Érick driblando na entrada da área e cruzando para Barcos, Giuliano ou Luan concluir. O cérebro não desliga nunca.  

Assim, para 2015 já temos garantida a permanência da ótima defesa com Marcelo Grohe , Rhodolfo e Pedro Geromel. Esse tripé será fundamental  para a armação da equipe de 2015. A tendência é que, com entrosamento maior, poderá atuar ainda melhor na próxima temporada. Neste contexto, a expectativa fica por conta das laterais ainda não definidas.

Na volância temos elenco. São várias as alternativas: Wallace, Felipe Bastos, Ramiro, Riveros, Matheus Biteco . No meio, contaremos com Douglas, Lincoln e Giuliano. No ataque Luan, Érick, Everton, FernandinhoMarcelo Moreno e Barcos.

Com esses, dá para armar um bom time de futebol. Estou com muita expectativa em ver Lincoln e Érick em ação. No jogo em que o vi na Arena, Érick arrasou. Foi um dos melhores do time. Arrisco dizer que joga mais que Dudu. Ele tem ótimo domínio de bola, é inteligente, veloz e tem muita técnica. Ainda não vi Lincoln, mas a curiosidade é muito grande. Se jogar mais que Érick, será uma maravilhosa surpresa.

Dessa forma, penso que temos uma boa base e a única incógnita do momento fica por conta das laterais. Poderemos ter a resposta com meninos da base ou com o contratado Marcelo Oliveira. Questão para Felipão resolver no início da pré-temporada.

22 de dezembro de 2014

Esperando por 2015

Temporada de férias, são poucas as notícias para serem comentadas. O mercado está lento, quase parando. Não se lê ou ouve sobre grandes transações no futebol brasileiro. Como já escrevemos aqui neste espaço, o próximo ano será de cintos apertados. Acabou a fase da gastança. Os clubes terão de se ajustar à nova realidade e jogadores e empresários também.
O dinheiro será curto no futebol, a começar pela fuga dos investidores e patrocinadores.
Esperando pelo ano de 2015.

As duas boas notícias que pincei para o ano de 2015 que está batendo à porta:

- Lincoln, o meia revelação de 16 anos, estreia nos profissionais;

- Kléber Gladiador revela querer respirar novos ares longe do Grêmio.
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Lincoln


Foto CBF divulgação


Do menino se fala maravilhas. Impressionou Felipão em um treino ainda no mês de agosto dos garotos do sub-17 contra os reservas da equipe principal. Caiu o queixo do gringo. Já queria aproveitar o guri na mesma hora. Foi alertado que o piá só tinha 15 anos e nem contrato profissional havia assinado ainda. No dia sete de novembro, ao completar 16 anos, o guri foi chamado para assinar seu primeiro contrato como profissional. Assim, estará no grupo que fará a pré-temporada na Serra no início de janeiro. Cairá nas mãos de Felipão, que saberá muito bem o que fazer com ele. Se vingar, conforme se anuncia,seremos um pouco mais felizes no ano que vem.


Kléber Gladiador


Foto: UOL

Já Kléber "Gladiador" revela em entrevista que seu desejo será "respirar novos ares longe do Grêmio".
Sorte nossa!!!
Espero que os sentimentos natalinos não o façam mudar de idéia. Desejo muita felicidade e sucesso na sua nova jornada. O relacionamento entre ele e o Grêmio não deu liga. É um risco que todos correm. É justo que persiga outros objetivos. De preferência nos liberando de pagar o seu polpudo salário.

Douglas

Sobre Douglas, já escrevi o que penso. Se ele quiser e Felipão conseguir domá-lo, pode ser uma boa surpresa. Mas tenho minhas desconfianças. Prefiro esperar para ver.

Marcelo

Já de Marcelo Oliveira não tenho nada para dizer, pois não o conheço. Nunca prestei atenção ao seu futebol. Para mim , trata-se de uma incógnita. Mas fica a expectativa.

Gurizada da base

Minha grande curiosidade para o ano que vem é sobre os meninos da base que subirão ao profissional. Acontecerá aquilo que sempre pedi, uma mescla de experientes com jovens revelações. É assim que o nosso Imortal Tricolor conquistou os maiores títulos. É assim que deve ser, pois esta é a verdadeira história do Grêmio vencedor.

21 de dezembro de 2014

Daniel Matador - O Destino é Inexorável




"Todos temos medo. Ele se arrasta por dentro da gente como um animal, gadanha as tripas, enfraquece os músculos, tenta soltar as entranhas e quer que a gente se encolha e chore, mas o medo deve ser empurrado para longe e a habilidade deve ser liberada, e a selvageria vai levar a gente até o final. Wyrd bið ful aræd, é como dizemos, e é verdade. O destino é inexorável."
Uhtred Uhtredson, protagonista das Crônicas Saxônicas, de Bernard Cornwell.

Caros

Esta é a pior época para falarmos de futebol e Grêmio. Justamente porque é a época em que as quatro linhas dão lugar às especulações e terrorismos originados em várias fontes. Desde a própria torcida, passando pela imprensa e outros envolvidos, não há quem não tenha algum pitaco para dar sobre a situação do tricolor. Os manolos discorrem sobre orçamentos milionários do futebol, sendo que o máximo de finanças que conhecem é a separação do troco pro busão. Dão palestras sobre preparação física, mesmo tendo uma vida sedentária. Falam sobre negociações de contrato, sendo que o maior negócio que já fizeram foi comprar um celular em 10 vezes no cartão.

Mas como todo brasileiro é um técnico em potencial, praticamente todos acham-se no direito, e por que não dizer, quase que na obrigação de fazer suas teses sobre o mundo da bola. E o período recente sem grandes títulos do Grêmio tem tornado esta situação bem complicada. Óbvio que é algo muito ruim. Ninguém quer ficar sem vencer. Todo torcedor espera erguer taças. Só que os últimos anos têm gerado uma geração de profetas analfabetos do apocalipse como nunca se viu igual. Nem o pessoal da beira do lago, que passou por fases muito piores, onde só viam o tricolor vencer sem ter sequer algum título histórico para rebater (mesmo que tivesse sido erguido há um certo tempo) chegou a tanto.

Este sentimento de temor que assola boa parte da torcida gremista deve ser extirpado. “Ah, Matador, isso só vai acontecer com algum grande título”. Sim, claro, muito provavelmente. Mas mesmo nas áureas fases, quando éramos reis, os profetas do apocalipse não largavam de mão. Parecem que são surdos (ou burros mesmo) e não conseguiram até hoje compreender que o futebol é cíclico. E que, por mais que possa não parecer, voltaremos a vencer em breve. E isso não é só um desejo, mas sim uma percepção, considerando todos os passos que o clube tem dado até agora.

Ah, mas e 2015? Não teremos Libertadores e alguns atletas saíram do grupo. Sim, mas talvez pela primeira vez em todo este período mais conturbado, temos a chance de iniciar o ano com uma comissão técnica já formada e alinhada com a direção. Alguns jogadores saíram, como é natural em qualquer clube. O tão odiado Pará finalmente deixou a lateral direita. Ruiz, mesmo tendo feito chover no Gre-nal nos poucos minutos em que jogou, não mostrou futebol suficiente durante todo o período em que aqui esteve a ponto de justificar o valor que pediam por seus direitos federativos. Dudu, apesar da movimentação que fazia no ataque, marcou raríssimos gols, algo fatal para quem é atacante, e também não justificou o caminhão de dinheiro que pediam por ele. Zé Roberto é outro que encerrou seu ciclo e cujo salário não condizia mais com o que poderia apresentar, não obstante sua natural qualidade.

E quem chega? O já conhecido Douglas, que por mais defeitos que possa ter, é um 10 de ofício, veio de graça, por um salário compatível e ainda assinando um contrato por produtividade. Se pifar 3 ou 4 bolas por jogo, paga-se com folga. Marcelo Oliveira vem do Palmeiras com poucas credenciais. Ainda assim, é malhado antes mesmo de fardar. O que talvez aconteça com algum garoto da base que porventura vá mal em algum jogo. Se não estraçalhar de cara, a vaia pega. Como se as categorias de base do Brasil inteiro estivessem recheadas de craques que estouram todos os anos.

E justamente aqui há outro ponto importantíssimo que tem de ser citado como um marco na virada que o Grêmio está proporcionando como instituição. Neste ano, contrariando o que vinha ocorrendo nas últimas temporadas, o tricolor foi campeão estadual nas categorias Sub-9, Sub-10, Sub-11, Sub-12, Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20. Resta apenas a categoria Sub-14, onde ganhamos o primeiro Gre-nal e o segundo (disputado neste último sábado) foi interrompido porque houve uma invasão de campo por parte da comissão técnica do adversário aos 30 minutos de jogo. O placar marcava 0 x 0, resultado este que nos daria o título. Inclusive um preparador físico adversário agrediu um dos atletas tricolores e foi preso, de acordo com informações divulgadas até o momento. Fala-se nos bastidores que, por ter tomado um laço em todas as competições do ano, o clima nas categorias de base no lado red está tenso. Talvez por isso tenham apelado, ao sentirem que levariam mais um revés. Estão percebendo que a maré está mudando.

A situação do Grêmio não é maravilhosa. O clube ainda tem uma série de compromissos financeiros para quitar e terá de apertar o cinto na próxima temporada. Mas também não estamos vivendo uma catástrofe. A Fifa já sinalizou que não poderá mais existir o “fatiamento” de direitos econômicos de jogadores. Isso fará com que haja um freio muito grande por parte dos "investidores abnegados" que costumam comprar jogadores e cedê-los "de graça". Muitos clubes, não fosse este tipo de estratagema, jamais teriam montado plantéis ou erguido alguma taça nos últimos anos. Pois agora a coisa vai mudar. E os clubes que não se adequarem estarão em maus lençóis. Desta forma, a racionalização dos gastos com o futebol é uma necessidade.

De nada adianta temermos por um futuro que sequer iniciou. A nova temporada nem começou, portanto tratemos de transformar algum possível receio em força para erguer o clube. Não trata-se aqui de dar apoio incondicional, alentar cegamente, acreditar em alguma pretensa força sobrenatural ou coisas do gênero. E sim de entender que um trabalho está sendo feito e poderá render frutos, por mais que muitos não entendam ou não concordem com a forma como ele está sendo conduzido.

O medo de fracassar existe, porém não pode sobrepor-se à vontade de vencer. Faz-se a mesma força para acreditar ou não acreditar. Eu, particularmente, sempre acredito. E creio que poderemos ter um 2015 vencedor pois, como diz meu amigo @BlogdoMosquetei, o Grêmio é grande, o Grêmio é forte. Não poderão dizer que nossa sina de sermos grandes acabou. Até mesmo porque ninguém sabe como a roda do destino vai girar daqui a pouco. Como diz o título deste post, extraído da espetacular obra Crônicas Saxônicas, do genial escritor britânico Bernard Cornwell, o destino é inexorável. 

Saudações Imortais

20 de dezembro de 2014

Adriana Rodrigues: Brasileirinho - O país do futebol encolheu

Mais um ano chega ao fim. Com os rebaixamentos e os acessos, estão definidos os times que disputarão a "Série A" de 2015. E, como todo ano, um (ou mais) Campeão Brasileiro cai para a "Série B" do Campeonato. Este ano, a bola da vez foi o carioca Botafogo, do saudoso Garrincha.

A cada ano que passa, o país do futebol encolhe mais e mais. O Brasil "classe A" é composto cada vez por menos regiões no âmbito futebolístico. A cada temporada que finda, praticamente uma região dá adeus à elite do futebol Brasileiro. Em 2011, foi o Ceará. Em 2012, o rebaixamento bateu na porta do Atlético-GO. Náutico deu adeus ao grupo principal em 2013. Neste ano, Bahia e Vitória, e com eles a Bahia, sumiram do mapa.

Esta é a cronologia recente de um país que encolhe a cada ano: a República Federativa do Brasil do Futebol. Recentemente, haviam ficado para trás Fortaleza, Paysandu, Santa Cruz e América-RN, dentre outros. A rigor, o campeonato deveria ser chamado de "Brasileirinho".

No próximo ano, haverá apenas 2 clubes na "Série A" fora das Regiões Sul e Sudeste. Nos incluídos, destaque para os catarinenses. Estes terão quatro times representando o estado, o equivalente a 20% dos participantes. Assim, a "periférica" Santa Catarina será a segunda força em número de clubes, à frente do "glamouroso" Rio de Janeiro. Pelo que se vê, o futebol dos catarinenses está em ascensão. Eles parecem ter encontrado o caminho.

A edição 2015 será a com menos clubes nordestinos na história dos pontos corridos. Somente o Sport representará a região. A Região Sul é a única que contará com representantes de todos os estados. Confiram a composição da "Série A" 2015:

  • São Paulo - 5 clubes: Corínthians, Palmeiras, Ponte Preta, Santos e São Paulo;
  • Santa Catarina - 4 clubes: Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinvile;
  • Rio de Janeiro - 3 clubes: Flamengo, Fluminense e Vasco;
  • Minas Gerais - 2 clubes: Atlético-MG e Cruzeiro;
  • Paraná - 2 clubes: Atlético-PR e Coritiba;
  • Rio Grande do Sul - 2 clubes: Grêmio e o outro;
  • Goiás - 1 clube: Goiás; e
  • Pernambuco - 1 clube: Sport.
Dos 27 estados, teremos representantes de apenas 8 na série principal do Campeonato Brasileiro do ano que vem. A Região Sul, que não ganha títulos há bastante tempo, tem presença numérica bastante forte, com 8 times na disputa. Quase a metade do total.

Porém, no geral, o mapa do Brasil, em relação às regiões que disputam a "Série A", está cada vez menor, demonstrando um desequilíbrio geográfico. É, meus caros, por ironia do destino, por obra (da falta) de planejamento ou pela repartição defeituosa e viciada das verbas da televisão, o "País do Futebol" começa a ficar pequeno, muito pequeno.

Beijo Azul!
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Post escrito por Adriana Rodrigues.

19 de dezembro de 2014

A situação da OAS e a Arena

Muita gente ainda não entendeu a gravidade dos fatos da Operação Lava Jato.
Querem saber sobre o negócio da Arena? Pensam que a situação é simples de resolver?
Aí vai tudo que vocês precisam ficar sabendo.

.http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1564595-com-divida-de-r-79-bilhoes-oas-tenta-renegociar-com-credores.shtml

Twitter: @piticagremio

18 de dezembro de 2014

Abobrinhas da Pitica

Marvada crise!!!!

Fim de ano é sempre a mesma pasmaceira. Gente rebolando para arranjar notícia, barrigadas de todos os lados e teses dos mais variados tipos. A gente ouve e lê cada coisa que chega a causar arrepios, isso quando não produz gargalhadas.
Desde que eu nasci e me conheço por gente, todo final de temporada o Grêmio está falido, quebrado, sem dinheiro para contratar, está à beira de um colapso financeiro, eteceteraetal . Um caos generalizado.
Isso, claro  na visão dos isentos ou dos derrotistas.

Nos intervalos das crises homéricas e infindáveis , levantamos taças, nos tornamos um clube poderoso, revelamos craques ao mundo, temos uma torcida de mais de oito milhões de pessoas, forjamos grandes treinadores, somos citados em sites e periódicos estrangeiros com frequência, mas...
Mas sempre estamos na pior, é o que "eles" dizem ou tentam passar.

Faz muito bem a direção em trabalhar em silêncio.Esse silêncio estrondoso soa como música para meus ouvidos. Depois de deixar muito transparente para o torcedor o que pode e será feito, trabalho silencioso. Diferente de uns e outros que fazem empréstimos bancários a juros escorchantes para pagar salários enquanto escondem da torcida a verdadeira situação econômica. Nem vou falar da reforma , cuja construtora deixou MUITA coisa a ser feita. Será que o novo mandatário cobrará da mesma que cumpra o previsto em contrato?
Ah, mas na Arena a pipoca é cara...
Nada a acrescentar, meritíssimo.
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Douglas

Minha opinião sobre Douglas é a seguinte: sempre o achei indolente e preguiçoso. Quando quer e está concentrado no jogo, arrebenta. Mas quando não quer, consegue irritar a torcida como ninguém. Não sei qual Douglas Felipão conhece. Não sei qual Douglas o gringo pensa que poderá contar. Não levo muita fé. Mas vá lá que com alguns berros ele pegue no tranco. Por Felipão ser Felipão, darei dois meses de trégua. Se o Douglas preguiçoso e indolente sobressair, a trégua terminará.
Duvido que tenha alguém, além de Felipão, que acredite ainda no seu futebol.
Ele sabe muito bem o tamanho do desafio. Conhece muito bem o ritmo da música e as exigências da torcida gremista. Se pensa que vem para cá para dar migué,não precisa nem fardar. A torcida ficará no seu pé e o vigiará de perto. Se pensa que terá vida fácil, está muito equivocado.
Mas espero engolir em seco tudo que escrevi. Não há mais tempo a perder.
Precisamos e queremos profissionais  responsáveis e comprometidos.
Quem não está a fim, pode pular de la barca. E já!!!!!!!!!

Twitter: @piticagremio 

16 de dezembro de 2014

O papo furado do Hernández: a hora do adeus


O ano vai terminando e ainda se falará muito nas contratações e vendas.
Deixo aqui minha opinião sobre os quatro jogadores que deixaram o Grêmio. Claro que tem mais. Mas vamos aos mais importantes:
Pará -  vai para o Flamengo, Deus seja Louvado! Nunca vi em Pará o jogador esforçado que muitos acreditavam que ele era. Para mim sempre foi um jogador medíocre e covarde. O fato de ter virado, por algum motivo que desafia as leis da lógica, sinônimo de mito deve ser estudado. Vai tarde.  "Ídolos" assim, que comemoram desarme mal feito, talvez expliquem a seca de títulos.
Dudu - Mais errava do que acertava. Ficou várias vezes na frente do gol e desperdiçou medonhamente. Era rápido e ia pra dentro, mas seus erros (cabe lembrar o gol perdido frente a frente com Dida no segundo GRE-nada da decisão do Ruralito) tiravam a paciência de qualquer um. Era um jogador muito caro e que não trouxe o retorno esperado.
Alán Ruíz - Sua trajetória no Grêmio será lembrada pelos 12 minutos do GRE-nada dos 4x1! Fora isso, um gol cá e outro acolá! Também caro, acabou sendo dispensado. Ruíz não demonstrou a mesma garra desses 12 minutos nas vezes que atuou. Muitos ficarão em choro e ranger de dentes, mas verdade seja dita, não valia o investimento para ficar com ele em definitivo.
Zé Roberto - Um guerreiro incansável, mas que já estava começando a ser facilmente superado por jogadores com mais pique e velocidade. Sempre defendi o Zé, achava ele baita jogador, mas uma hora tudo termina. Zé ainda pensa em jogar mais um ano, tem condições, mas era um jogador caro e veterano.
Falei mal do Queridinho da torcida, o jogador que despertava o instinto maternal nas mulheres. Sim, só amor de mãe explica gostarem tanto de alguém que fez tanta m...! Haverá choro e ranger de dentes, mas se tu achas Pará MITO, tu mereces 13 anos sem títulos.

15 de dezembro de 2014

#Mazembeday





Ontem foi o #Mazembeday. A data do maior fiasco mundial PHIPHA. Nunca antes nem depois este fiasco será superado.
E o fiasco não se deve apenas à derrota. Muito mais do que a ela, deve-se à arrogância que se respirava nos ares de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e de todos os lugares onde houvesse um morango.
Quem havia batido o glorioso time reserva do Barcelona, mesmo com a ajuda do juiz, não teria dificuldade de voltar bi do mundo. O Mazembe? Era só acadêmico como dizem os ingleses para algo que já está resolvido.
Não só os morangos diziam e arrotavam isto. Noventa por cento da imprensa gaúcha também. Aquele lado i$ento e barato que todos conhecem.
Tão fácil e certo seria o título que muito moranguinho comprou a viagem em 60 prestações da CVC. Parêntese aqui: para estes faltam só 12 prestações para se livrarem da dívida. Valia a pena dever até a cueca suja para se emocionar com o que viria em Abu Dhabi.
Muitos resolveram, seja pela arrogância, seja para economizar ir apenas para a final. O treino apronto contra o timeco do Mazembe não tinha interesse nenhum.
Este era o espírito com que todos se prepararam para o passeio.
Naquele dia 14 de dezembro dei carona para meu filho até o centro e fui fazer alguma coisas por lá.
Estava de um lado para outro quando ouvi um grito de gol mais chocho do que peito de velha. Há 10 metros vi uma lanchonete com a tv ligada e fui ver o que era.
Cheguei ainda em tempo de ver o dono da lanchonete vibrando com o gol do Mazembe dando tapas entusiasmados no balcão.
Uma cliente que comprava algo reclamou:

- Falta de educação. Eu sou cocolorada e não venho mais aqui.

- Por mim tanto faz, respondeu o dono da lanchonete. Não vou deixar de festejar um fiasco do Íter por causa de um freguês.

Logo depois saí para continuar meus afazeres.
Mais tarde cruzava uma rua quando um cara da janela do décimo andar de um prédio gritou:

- CHUPA ÍTEEEEEEEEEEEEEERRRRRRRRRRR!

Foi quando decidi voltar à lanchonete anterior e pedir uma cerveja. Não iria deixar aquele pobre e honesto trabalhador com prejuízo. Não naquele dia.


13 de dezembro de 2014

A nova realidade do futebol brasileiro

A festa estava ótima. Agora vem a ressaca...!!!!!

Definitivamente, acabou a farra!
Os tempos de pagar salários estratosféricos para jogadores de futebol, querendo competir com a Europa, estão chegando ao fim. Finalmente a sangria está sendo estancada. Já tínhamos passado do ponto. Essa gastança desenfreada não poderia se sustentar por muito tempo. Tudo está indo para o seu lugar, graças à Deus! A partir de agora, quem tiver juízo e responsabilidade tem a obrigação de ajustar suas contas.

É pau...
é pedra...
é o fim do caminho!

Fim do caminho de pagar muito para quem pouco ou nada joga.
Fim do caminho de achar que vivemos em uma realidade dourada, de muito luxo e dinheiro jorrando de cascatas cravejadas de diamantes. Parar de agir como sheiques árabes que nadam em piscinas cheias de notas de dólar. Definitivamente, os clubes brasileiros terão de se ajustar à realidade em que vivem. Gastar de acordo com a sua arrecadação, do mesmo jeito que faz um trabalhador que lida com seu orçamento doméstico ou um empresário que tem deveres a cumprir.
Aqui não existem sheiques e nem mecenas dispostos a bancar custos sem retorno. Hoje, os investidores estão debandando em massa.

De outro lado, está vindo aí - já tramitando no Congresso Nacional - a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, com duras sanções aos clubes e dirigentes que extrapolarem na gastança. A previsão é de que ela seja votada em fevereiro de 2015.

Alguns dos principais pontos que a nova lei prevê são:
 - o compromisso de pagar os atrasados e também os tributos correntes e punições para os que não paguem;
- manter salários em dia e praticar normas de fair play financeiro;
- em caso de não honrar os pagamentos, os clubes serão punidos com rebaixamento e proibição de participar em determinadas competições;
- havendo gestão temerária, os dirigentes do clube seriam penalizados cível e criminalmente, inclusive com a utilização de seus patrimônios pessoais.

Então, o futebol brasileiro, a partir de 2015, ingressa em uma nova fase.  A expressão da moda será "ajustar as contas". Ou seja, a partir de agora, fazer mais e melhor , porém com menos.  O sonho dourado não passou de um sopro de uma noite de verão. E quem tiver juízo, que se aprume.

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Para complementar este post,  reproduzo abaixo as colunas do jornalista Rodrigo Mattos do site Uol. Ele mostra como e porquê os clubes terão de viver outra realidade a partir do ano que vem. Assim, dá para entender muito bem o tamanho da encrenca.

Bolha estourou: clubes entram em 2015 sem dinheiro para contratações

Após quatro anos de farra de gastos com o futebol, os clubes brasileiros sofrem uma asfixia financeira para 2015 com fuga de patrocinadores e investidores. Ao mesmo tempo, têm de renegociar suas dívidas fiscais e passar a pagá-las de verdade. Neste cenário, cartolas admitem que o ano será de recessão e vão tirar o pé nas negociações de salários de contratações. Essa é a primeira de uma série de três matérias sobre a crise no setor.

De 2010 a 2013, os gastos dos 24 clubes da elite do Brasil com futebol saltaram de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,3 bilhões, segundo estudo do consultor Amir Somoggi. As receitas cresceram com a mesma força no início do período, mas se estagnaram nos últimos dois anos e ficaram em R$ 3,1 bilhões (lembre-se os times têm outros custos).
Esse cenário se acentuou com a redução das receitas em 2014 por conta da concorrência da Copa. Resultado: os clubes gastavam o que não tinham e acumularam déficit durante o ano.
Agora, são duas as principais causas para a crise são a falta de patrocínios e a nova regra da Fifa que proíbe parceiros nos direitos de jogadores. Para 2015, os únicos dois patrocinadores que sobraram são a Caixa Econômica e o Banrisul (Inter e Grêmio): Cruzeiro, Atlético-MG perderam o BMG, a Unimed encerrou sua longa parceria com Fluminense. A maioria dos times tem sua camisa sem nada.
“O BMG saiu. A Caixa sabemos que não é marketing, tem outros motivos, e pode sair. Teremos camisas limpas neste ano. Vivemos um pico de preços de patrocínios em 2008 e 2009. Depois, os preços têm caído. Mas mesmo com preço baixo, tem que ser muito criativo para conseguir'', afirmou o diretor de marketing do São Paulo, Ruy Barbosa, que afirma ter esperança de obter um parceiro para o uniforme de seu time.

Outro impacto foi a regra da Fifa para proibir os investidores em direitos de jogadores. O mercado reagiu e quem botava dinheiro diminuiu ou fechou o bolso de vez.
“Será um ano muito ruim, muito difícil. O cenário brasileiro não é bom, e os investidores já tiraram o pé. Já estamos tendo o impacto. O futebol brasileiro estava fora da realidade. Não dava para trazer jogador da Europa e pagar mais do que eles ganhavam lá'', observou o diretor de futebol do Atlético-MG, Eduardo Maluf. Campeão da Copa do Brasil, o time pretende manter o patamar da folha salarial, sem aumentos, mas corre o risco de perder Diego Tardelli.

Outra questão foi o fato de o governo federal ter intensificado a fiscalização sobre os clubes de futebol, o que resultou em ações e execuções fiscais por dívidas como a ocorrida no Corinthians. O clube teve de entrar no Refis (programa de refinanciamento fiscal) e paga R$ 5 milhões por mês até o final do ano, valor que vai cair para R$ 500 mil em 2015.
“Será um ano em compassado de espera. Terá de fazer ajustes. Os clubes têm folhas razoáveis e não dá para reduzir contratos então será aos poucos. Haverá uma maior atenção na gestão'', analisou o diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa e Silva.
Seu clube fez proposta milionária de US$ 5 milhões para manter Paolo Guerrero em descompasso com o restante do mercado. É a diretoria de futebol que toca essa negociação. O clube tem outros jogadores que não têm atuado e recebem como Pato e Sheik.

A estratégia de conter despesas dentro do que há disponível nas receitas, além de quitar dívidas e impostos, foi a adotada pelo Flamengo nos últimos dois anos.
“Estávamos na contramão, como mostrou um estudo, porque estávamos muito endividados. Mas a tendência é que outros clubes adotem essa política de responsabilidade. O Botafogo já mudou o discurso'', afirmou o presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello. “Tenho ouvido os meus colegas muito preocupados.''
Ele enxerga um ano de transição para o seu clube, ainda apertado, mas melhor do que os outros dois anos anteriores, uma análise oposta aos outros times. Tanto que fez algumas propostas de compra de jogadores até € 4 milhões Isso porque não vê seu patrocínio ameaçado e haverá uma redução do valor pago no Refis.

Mas já está claro que ninguém vai sonhar com um “Pato'' ou outros delírios dos anos anteriores. Quem contratar será parcelado e talvez com a ajuda de um investidor que ainda confie no mercado.


Crise no futebol brasileiro já reduz salários de jogadores em negociações



Um jogador de renome já planejava a saída do Fluminense quando se desenhava o rompimento com a Unimed. Foi ao mercado se oferecendo por salário similar ao que recebia no tricolor. Ninguém topou. Abaixou o valor, mas ainda assim não fechou. Nenhum clube aceitava pagar mais de R$ 300 mil, nem quando a diferença era pequena. O atleta ainda está sem time.

A história ocorrida nestes últimos meses de 2014, cujo protagonista não é revelado a pedido da fonte, é simbólica do novo momento do futebol brasileiro. Em meio à crise econômica, os salários de jogadores têm caído de forma significativa em renovações e novas contratações. Foi o que o blog ouviu de diversos participantes do mercado, entre empresários e clubes.
Essa é a segunda matéria sobre os problemas financeiros do setor, em continuidade à anterior que mostrou o estouro da bolha do futebol com a asfixia de receitas dos clubes pela falta de patrocínios e parceiros.

Até 2013 era fácil ter dois ou três atletas com vencimentos de R$ 500 mil em um time, mas agora só exceções receberão acima de R$ 300 mil. Pagar em dia, ou pelo menos atrasar pouco, virou trunfo após séries de calotes durante o ano de 2014. E uma debandada de jogadores pode deixar o Brasil para mercados mais atrativos.
“Estou sentido que cada renovação está sendo difícil. Essa proibição de investidor da Fifa deu uma segurada no mercado. O salário vai cair e não vai ter quem investir. Não vejo com bons olhos o que está acontecendo'', contou Roberto Monteiro, representante do grupo DIS, que é procurador de jogadores e tem direitos sobre alguns deles.
“Varia bastante de contrato para contrato. Quem estiver livre até pode negociar mais. Mas o Brasil vai começar a perder jogador para o exterior. Muitos vão voltar para a Europa. O fluxo para o exterior vai aumentar. Eu mesmo estou saindo para Europa para ver a negociação de dois atletas (do Brasil)'', contou o empresário Marcelo Robalinho, da empresa Think Ball.
“Toda negociação tem um orçamento, o pagamento dos direitos, os salários e as comissões. Se o clube não tem ajuda nos direitos, isso vai impactar o salário'', analisou o empresário e advogado Marcos Motta, que vê os clubes bem cautelosos nos acertos. “Pagar em dia será um grande diferencial diante dos atrasos que ocorreram no ano.''

Dos cartolas, o blog ouviu que, nas negociações iniciais, os jogadores continuavam a pedir os mesmos valores do final do ano passado. Mas sofreram seguidas recusas e, aos poucos, têm abaixado as requisições. Até os dirigentes admitem que os últimos anos formaram um período de valores salariais fora da realidade do país.Representantes do Bom Senso FC, grupo que reúne jogadores, também já verificaram a mudança no mercado com quedas de vencimentos. Não há nenhum levantamento oficial, mas a percepção do grupo é que se acentuaram os casos de atrasos durante 2014. Na dureza que se espera para o próximo ano, é hora de apertar os cintos para todos.

10 de dezembro de 2014

Crise, eu te amo!

Texto do leitor Jonas Bernardes Silveira


Comemore torcedor gremista, estamos oficialmente em crise!
Muito se falou sobre momentos de terrível situação financeira no Grêmio; mas, pela primeira vez, parece que alcançamos o patamar de falta de dinheiro suficiente pra evitar que o clube contrate meia dúzia de reforços desnecessários pra que apenas um ou dois dêem alguma resposta.
A situação financeira é difícil  e o clube não vê opção que não a aposta nas categorias de base, coisa que deveria ter feito há muito tempo. Parece que meus pedidos de um time formado pela base no Gauchão serão atendidos pelo simples motivo de que o time do Grêmio pra 2015 será predominantemente formado pela base.

Essa crise é demais!

A imprensa vai passar os próximos dois meses falando no “desmanche” gremista... Como já comentei no pós-jogo contra o Flamengo, esse termo não me parece apropriado para a nossa situação. “Desmanche”, do ponto de vista desportivo, implica na destruição de algo positivo, que funcionava, um time campeão. Esse time do Grêmio, como muitos outros antes, falhou  nos momentos decisivos. Não serve.
É um “bota-fora”, um recomeço que o Grêmio vai promover, e faz bem. Não há um jogador do grupo, entre veteranos e emprestados, que eu não veja como negociável; mesmo entre os garotos, só há um jogador que eu não venderia por valor nenhum nesse momento: Éverton.

Mesmo Wallace, um bom volante, provavelmente não faria falta caso fosse “transacionado”, como diria Felipão. Aposto ao menos em dois volantes na base gremista capazes de entrar e fazer o que ele vem fazendo, pelo simples motivo de que o Grêmio não consegue, é incapaz, de lançar um volante ruim. Qualquer garoto que tiver uma sequência na posição será “uma grande revelação”. Da mesma forma, qualquer zagueiro que não fure por cima terá sucesso ao lado de Rhodolfo no próximo ano.
O que precisa mudar é a forma de jogar. O Tricolor não pode aceitar o apequenamento imposto pela mídia e pela própria torcida. Precisamos aproveitar a onda de mudanças e alterar mais esse conceito de que o Grêmio precisa ser um time defensivo. Esses times raramente tem algum sucesso. Nós teremos juventude e velocidade pra impor em 2015.

Mesmo com a saída de todos os veteranos que estão com contratos por terminar, as vendas de Ramiro e Bressan e nenhuma contratação, o time do Grêmio poderia ficar mais ou menos assim: Grohe; Tinga, Rhodolfo, Saimon (Grolli) e Breno (Marcelo Hermes); Wallace, Araújo (Moisés, Arthur), Érik (Maxi), Luan (Canhoto) e Éverton; Barcos (Coelho). Sinceramente, aposto que seria superior ao time entrou em campo contra o Flamengo. Não chamaria as saídas de Pará e Zé Roberto de “perdas”. Temos muito a ganhar com elas.
A base , além dos já citados, pode oferecer gratas surpresas para a formação do grupo, ou mesmo do time titular, como: o lateral direito Canavarros, os atacantes Nicolas Careca e Pedro Rocha, o volante Balbino, os zagueiros Mancini e Lucas Rex, e o meia Felipe Ferreira.
Creio que o Grêmio tem o que precisa, e deveria aproveitar . Fico otimista com o discurso de Felipão na sua coletiva, de pagamento das contas e contratações cirúrgicas de um ou dois jogadores. Talvez esse seja o ano no qual nenhum volante será contratado!

Um exemplo de “contratação cirúrgica” seria Anderson, que o Manchester United decidiu não liberar dos últimos seis meses de contrato, permitindo que o jogador saia de graça no meio do ano. É uma contratação que pode ser feita a baixos custos, por empréstimo, dependendo apenas do interesse do atleta. Se Anderson quiser ter a certeza de que terá espaço pra jogar como meia e salário em dia, algo que o Grêmio oferece nesse momento, deveria seguir o exemplo de Felipão e aceitar um salário condizente com a nova realidade do Grêmio.
Essa condição, inclusive, parece valer para qualquer atleta que a direção pretenda contratar ou renovar contrato. Fala-se na contratação de Douglas por um ano, custando algo em torno de 150 mil mensais. Seria um investimento da ordem de 2 milhões de reais, nem perto das cifras associadas a alguns jogadores que o Grêmio não pretende pagar.

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Fim de festa

Como comentei recentemente no blog, o conservadorismo da direção nesse momento está associado à necessidade de pagar dívidas vultosas, como a do Flamengo, e à negociação para dar fim à parceria na Arena, o que vai exigir pagamentos nos próximos anos.
É por isso que o Grêmio está acenando nesse momento com uma gestão disposta a gastar pouco, acelerando esse processo. Isso é uma ótima notícia.

Os demais clubes brasileiros, com raras exceções, vão gastando os tubos e deitando nas camas dos empresários. Daqui a pouco a FIFA resolve acabar com a festa e eles correm o risco de tomar um tufo histórico, que pode ter consequências similares aos problemas que o Grêmio viveu no passado.
Quem gasta, uma hora vai ter que pagar a conta. Foi isso que colocou o Grêmio no buraco da ISL e que quase quebrou o clube. Uma hora o endividamento vai alcançar Atlético e Cruzeiro também, mesmo que demore anos pra que isso aconteça. A dívida do Rodrigo Mendes só está sendo quitada agora, 14 anos depois da transferência.

Ao gastar pouco, o Grêmio, um clube que arrecada muito, pode evitar que novas dívidas trabalhistas vultosas se formem. Ao mesmo tempo, um time com mais jovens jogadores pode gerar frutos num futuro próximo.
Vale ressaltar que os problemas financeiros vividos hoje são provisórios. A solução pode se dar nos próximos meses, mas, mesmo na pior das hipóteses, não deve se estender por mais de alguns anos. O Grêmio já esteve em situações muito piores, independente do que a mídia esteja vendendo. Se essa suposta crise nos impulsionar pra mudança conceitual que há muito esperou, então nos resta ser gratos.

E que venha o União Frederiquense, não é? Fazer o quê?

9 de dezembro de 2014

7 vezes maior

No último mês, não passa um dia em que algum jornalista-colunista-radialista não fale ou escreva sobre as "terríveis" dificuldades financeiras do Grêmio. Parece até uma combinação entre eles: hoje serei eu, amanhã será você. E assim, o assunto é continuamente batido e rebatido. A torcida já está até acreditando que o Grêmio está em fase terminal, quebrado e sobrevivendo miseravelmente.
Tem jornalista muito penalizado com as dificuldades do Tricolor em 2015. "Como será possível montar time com essa realidade macabra?" "O que será do Grêmio?", dizem eles.

O pior de tudo é ver torcedor comprando essa tese.
Sempre, sempre e... sempre.

Por mais que se escreva aqui neste espaço sobre as fofocagens e bobagens expelidas pelos preguiçosos ou mal intencionados, não adianta nada. Tem torcedor que cai como patinho. É cansativo, enfadonho e aborrecido ficar aqui todo dia batendo na mesma tecla, repetindo as mesmas coisas, digitando as mesmas informações que já foram dadas "n" vezes. Assim, tomei uma decisão: a partir de agora, não ficarei repetindo a todo momento que isso é mentira e aquilo é verdade. Quem estiver antenado e for esperto aproveite aquilo que lê. Aos distraídos, só posso dizer: lamento, vá pesquisar no Google. Com sorte, talvez lá você encontre a informação que procura.

Como aqui não somos preguiçosos e apreciamos muito a informação correta, fomos à luta.
Aqui você encontra a informação que a ivi (imprensa vermelha isenta) não lhe conta. Aliás, além de não contar, faz o possível e o impossível para esconder.
Sim, eles são tendenciosos. Não adianta acharem que não.
E agora vou provar para vocês.

Pois bem. O Grêmio tem, sim, dificuldades financeiras. Porém, elas não são maiores do que as dos outros grandes clubes brasileiros. De janeiro a setembro de 2014, o déficit financeiro do Imortal Tricolor foi de R$ 5 milhões, num orçamento de R$ 229 milhões.

Já o Sport Clube Internacional, de acordo com informações divulgadas em seu próprio site, acumula de janeiro ao mês de JUNHO, um déficit de R$ 34 milhões. Frise-se, apenas até junho. Você leu direito: nos primeiro seis meses do ano, DÉFICIT de R$ 34 milhões. Em seis meses, quase 7 vezes o déficit do Grêmio em nove meses.

Como isso não é divulgado pelos isentos?
Essa não é uma situação crítica?
Por que  ninguém fala sobre isso?
Como os mazembados farão time em 2015 com um rombo desses na sua contabilidade?
Se até junho o prejuízo foi de 34 milhões, de quanto será até o final do ano, se não venderem nenhum jogador? A situação não é caótica e desesperadora? Quantos jogadores eles terão de vender para recuperar as contas?

Para não deixar dúvidas, preto no branco, vamos aos números acumulados até junho/14:

Receitas Operacionais: 93.331.206,56
Despesas Operacionais: (127.244.465,64)

Resultado Operacional: (33.913.259,08)  (Déficit)

Baixe o arquivo pdf com os demonstrativos completos neste link.

Como números tão estratosféricos e terríveis passaram batidos pelos jornaleros do Rio Grande do Sul, que tem como missão profissional fazer a cobertura diária do dois maiores clubes gaúchos?

Os dados mostram, também, receitas com o quadro social de R$ 28,8 milhões, em 6 meses. Se são 102 mil sócios, como dizem, significa que os sócios pagam, em média, R$ 47/mês (28,8 milhões/102.000 sócios/6 meses). Você acredita nisso?
Acredita???????