7 de janeiro de 2015

Adriana Rodrigues: O dinheiro da TV



Seguidamente se vê e se lê: sai notícia sobre as cotas recebidas da Globo por Corínthians e Flamengo e o nosso torcedor (e também dos outros clubes) alucina. Esbraveja, xinga a direção, faz inquisição. “Como o Grêmio aceitou isso?” é a pergunta mais lida nas redes sociais. Uma pergunta que cai no vazio. Aliás, caia. Vamos respondê-la aqui, a partir de pesquisa que realizamos. O início de tudo nos remete a um clube que não disputava campeonato, mas jogava um bolão: o Clube dos 13.

Um rápido apanhado sobre o significado do Clube dos 13

O C13 foi criado em 1987 e, a partir de 1988, passou a coordenar as negociações envolvendo os clubes associados. Até 2011, os principais clubes brasileiros se aglutinavam nessa associação, que tinha como principal mandatário o Presidente Fábio Koff. Em 1997, o C13 assinou um contrato com a Globo para a transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro de 1997 a 1999. No contexto, definia-se o percentual do valor a que cada clube teria direito. Em 2008, firmou o maior contrato da história dos direitos de televisionamento do futebol brasileiro. O valor foi de 1,4 bilhão, para o triênio 2009-2011.

O crescimento dos valores recebidos pelo conjunto dos clubes sob a batuta do C13 foi exponencial. Das migalhas da década de 80 aos R$ 272 milhões em 2007 e aos R$ 769 milhões de 2011. Nesse ano (2011), se negociava com as televisões em uma espécie de concorrência pública. A Record acenava com o pagamento de R$ 1 bilhão por ano. Então, houve a dissidência, patrocinada pela Globo e CBF, do Corínthians (a quem teriam prometido um estádio - hoje materializado no Itaquerão), do Flamengo e do Botafogo. Estes clubes abandonaram o C13 e resolveram negociar diretamente com a Globo. No rastro, agregaram-se aos dissidentes o Vasco, o Fluminense, o Grêmio e o Coritiba.

Para quem se interessar, informações mais detalhadas sobre a vida e a morte do Clube dos 13 podem ser obtidas neste link.

O contexto atual

Para entendermos os atuais valores recebidos da TV pelos clubes brasileiros, era necessário sabermos que, a partir de 2011, sem o suporte de uma associação, os clubes passaram a negociar os direitos de televisão individualmente e diretamente com a Globo. Aliás, os contratos abrangem não apenas TV aberta, mas também TV por assinatura, pay per view, transmissão por Internet e telefonia móvel.

Como conclusão da cisão havida em 2011, foram assinados com os clubes contratos para as temporadas de 2012, 2013, 2014 e 2015. Porém, já no primeiro semestre de 2012, mediante o pagamento de luvas pela Globo, o contrato foi estendido para as temporadas de 2016, 2017 e 2018.

A Globo procura manter equidade entre clubes como Grêmio, Cruzeiro, Atlético-MG etc. Mas os valores pagos ao Corínthians e Flamengo, Santos etc fogem de qualquer interferência dos demais.

Assim, as cotas atuais recebidos pelos clubes pelos direitos de TV são frutos de contratos firmados em 2011 e 2012. Teremos que conviver com essas discrepâncias pelo menos até 2018, se os clubes prejudicados não encontrarem maneira de quebrar o favorecimento dado pela Globo aos seus 2 queridinhos.

Beijo Azul!
_____
Post escrito por Adriana Rodrigues.