23 de fevereiro de 2016

Esquizofrenia


Não existe nada pior no mundo do que ler comentários de leitores na internet. Não importa o assunto: futebol, polícia, política, BBB, qualquer coisa.
Eu escrevi que não há nada pior? Há sim. Pior que ler comentários é ter a obrigação de mediá-los. Para mediar comentários não tem como não lê-los.
Há muito tempo não leio comentários afora os que tenho de ler no blog. E confesso, muitas vezes dá vontade de largar tudo de mão.
Não por causa de críticas que são feitas aos blogueiros e que muitas vezes são pertinentes e bem feitas. Mas pela percepção de que a sociedade está doente. Frustrações econômicas, sentimentais, profissionais, amorosas, sexuais, políticas levam a odiar tudo e todos e a buscar compensações nos outros.
Esta doença mais o anonimato conferido por nicks e e-mails falsos tira todas as travas mínimas que um ser civilizado deveria utilizar. E os comentários são reflexos desta situação.
No caso do Grêmio, poucas críticas são ponderadas e muito menos pensadas antes de emitidas. Quem lê os comentários chega à conclusão de que o pior time sobre a face da terra é o tricolor. Ele é o único time grande do Brasil e do mundo que está perdendo jogos e jogando mal. Os outros todos navegam sobre águas de vitórias e grandes atuações toda a quarta-feira e todo o domingo.
Todos menos o Grêmio.
Uma derrota feia, feia sim, serve para decretar todas as certezas:

  1. ninguém joga nada.
  2. jogadores não tem interesse em ganhar.
  3. direção é omissa e incompetente.
  4. o ano terminou em fevereiro.
  5. vaiar e bater nos jogadores é a solução.
Ontem um ex-dirigente vitorioso, travestido de comentarista decretou que "Henrique Almeida não joga uma perna do Bobô." Deixa quieto e não dê importância que este foi o primeiro, PRIMEIRO jogo do cara com a camisa do Grêmio. Conceda o direito deste ex-dirigente ter a opinião que quiser sobre qualquer jogador. Por que não? Ah, mas este ex-dirigente implorou que a direção contratasse o Henrique Almeida durante todo o mês de janeiro. Mas heim? Sério? Sério. Seríssimo.
Então? Como trabalhar em meio a esta esquizofrenia?
Certo que o primeiro comentário vai ser de um idiota dizendo que pregamos o apoio incondicional. Antes de comentar esta bobagem, sugiro reler e ver onde isto está escrito.
O que eu proponho? Apoio durante os jogos e vaias ao final se a coisa não for bem. Serenidade para perceber que, se não temos o melhor elenco do Brasil, e não temos, estamos longe de ter um elenco fraco. E tempo para os caras trabalharem. Ler arigós pregando a saída do Roger agora é demais. Quem sabe o Juarez Roth agrade a estes queridos?
Outros querem que sejam escalados 11 jogadores da base. Mostrem um time que foi campeão sem ter cascudos mesclados com guris que eu me convenço. 
Caíram de pau no Milton Jung por ele ter escrito que é início de temporada. E não é?
Não idiota, não estou dizendo que a culpa dos anos sem título é da torcida. Não gasta teu tempo comentando isto. O que quero dizer é que desespero e ataques com metralhadora giratória não ajudam em nada. Ou melhor, ajudam o elemento ao dizer lá na frente que já tinha avisado. Que sabia que seria mais um ano sem vitória. Que blá blá blá. 
Se esquizofrenia é uma doença triste e complicada, esquizofrenia com medo de enfrentar a vida é ainda pior. E gremista cagão é tudo que não precisamos.