31 de março de 2016

Avalanche Tricolor: tio Ernesto visitou o vestiário do Grêmio

Por Milton Jung


Passo Fundo 1×5 Grêmio
Gaúcho/ Vermelhão da Serra-Passo Fundo


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Festa gremista na foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA 
 Em toda família tem gente rabugenta. Às vezes é um tio distante; em outras, um cunhado mal resolvido. A coisa complica mesmo quando o mal humorado dorme na mesma casa (o que não é o meu caso, registre-se) . Venha de onde vier, tem situações que chegam a ser cômicas de tanto que a figura reclama. Se perdeu o emprego, reclama (com razão). Se foi contratado, fala mal do chefe. Se tem feriado, vai cair a produtividade. Se tiver plantão, está muito cansado. Nada satisfaz o cara. 

Lembrei, ontem,de um velho tio, o Ernesto, que me fazia rir nos almoços de domingo. Foi durante a partida em Passo Fundo. Mal havia começado o jogo, fizemos um. Em seguida, dois, três, quatro, cinco… Até o gol adversário ajudamos a fazer. Wallace fez dois, enquanto Bobô, Lincoln e Pedro Rocha voltaram a fazer os seus, aproveitando muito bem as chances oferecidas.

Da defesa ao ataque, o time funcionou muito bem. Não apenas na movimentação, aproximação e marcação, mas também no talento individual com chutes bem colocados, sutilezas no passe e dribles desconcertantes.

Foi um show que estava muito acima da qualidade do palco oferecido, com todo respeito ao tradicional Vermelhão da Serra, em Passo Fundo.

Você deve estar querendo saber onde meu tio rabugento entra diante do espetáculo que assistimos, ontem à noite. Afinal, por que lembrei dele em momento tão exuberante do futebol gremista? Porque é nesta hora que a rabugice do tio Ernesto tinha seu valor.

Quando todos comemoravam bons resultados, o casamento da prima ou o nascimento do filho, tio Ernesto cerrava os olhos e tascava um “sei não … sei não!”, para em seguida  discorrer sobre as responsabilidades que aqueles atos nos remetiam: a dificuldade que é criar uma criança, o custo em se construir uma família ou seja lá qual fosse o senão por ele elencado.

O tio podia ser chato, mas de alguma maneira a chatice dele nos trazia de volta a realidade, controlava o oba-oba e nos levava a pensar sobre nossos atos e planejar como encarar as dificuldades que por ventura pudessem surgir na caminhada.

Entendeu agora?

Tio Ernesto ao ver o Grêmio goleando e brilhando em Passo Fundo, diria depois do “sei não … sei não!”: é gol demais para um jogo só, vai faltar para os próximos, já estão se achando e nem ganharam nada…

Pelas declarações dos jogadores e do técnico Roger, logo após a partida, o Tio Ernesto “baixou” no vestiário gremista e fez com que todos, apesar da justificada euforia, deixassem claro que estão com os pés bem postados no chão.

Melhor assim!