4 de março de 2016

Bodas de Prata na Federação

Está difícil falar em futebol hoje. O país está em chamas com os acontecimento político-policiais, mas tem um fato muito importante no futebol que tem de ser lembrado. Comecemos pela foto abaixo que correu o mundo ontem. Tá bom, correr o mundo é um pouco de exagero, mas o Rio Grande Amado sim.



O que tem demais esta foto? Não fosse o que a história já mostrou, não seria nada mais do que um encontro civilizado de três cidadãos.
Mas aí é que pega.
Na terça-feira o Grêmio pediu juiz de fora para o GRE-nal. Recebeu duas respostas inusitadas:

  1. A antecipação em um dia do sorteio do árbitro sem ter sido comunicado; e
  2. Uma carta "jocosa" nas palavras do Presidente Romildo. Na carta, a federação ironizava a Primeira Liga e dizia que escalaria juiz gaúcho.
De quebra, uma nota oficial do sindicato dos árbitros condenava a atitude do Grêmio.
Eu falei para não se distraírem com a Libertadores.
Mas por que voltamos ao assunto?
Simples: dia 14 de março um casamento estará completando Bodas de Prata.
Dia 14, fará 25 anos que conselheiros do SCI mandam (e desmandam) na Federação Gaúcha de Futebol. Vinte e cinco longos anos. Primeiro, o Perondi e depois o Noveletto.
Nunca antes na história deste país isto aconteceu. Uma instituição que deveria ser de todos os clubes e ter rodízio de presidentes acabou num reinado, ou emirado, ou califado, ou ditadura mesmo.
Um sistema de eleição viciado permite esta anomalia.
E a Federação, que deveria ser de todos os filiados passou a ser um centro de proteção e favorecimento aos interesses de um único filiado.
Certamente é por isto que o futebol gaúcho está muito mal na parada. Depois de muitos anos de ausência conseguiu colocar um clube na Série B do Brasileiro. Tem mais um ou dois na C e o obrigatório na D. Série A com apenas dois. Santa Catarina, estado bem menor em população e poder econômico, tinha 4 o ano passado. Agora tem 2 na série A e mais 3 na série B.
Parece, apenas parece, que o Grêmio está tentando acabar com este esquema. Dificilmente conseguirá se ficar sozinho na parada.
Seria salutar que nesta hora em que o país está sendo passado à limpo também o futebol entrasse na barca da depuração.
Conseguirá?
Mas e a foto aí em cima? Ela se enquadra perfeitamente para desnudar as relações que foram criadas e que explicam muitas atitudes da imprensa esportiva. Em véspera de um clássico decisivo um jantar entre o técnico de um dos times, o presidente da federação e o chefe de esportes da maior emissora de rádio do estado. Proibido? Não? Criminoso? Em princípio não. Mas não custa lembrar a famosa frase:
À mulher de Cesar não basta ser honesta, tem de parecer honesta.
Portanto, no dia 14 haverá uma festa certamente. Não uma festa popular. Festa restrita a um clube e meia dúzia de acólitos.
A nós resta apenas desejar uma boa diarreia após a celebração.