5 de agosto de 2016

Águas Mornas



Águas Mornas é um município muito bonito de Santa Catarina, encostadinho em Floripa. Tem até um hotel bem famoso que volta e meia é usado por alguns times para fazer pré-temporada.
Dizem que o Grêmio fez pré-temporada em Porto Alegre no CT Presidente Luis Carvalho mas desconfio que não.
Pelo que se verifica em campo, penso que foi em Águas Mornas.
Duas coisas dá para ver quando o time entra em campo, especialmente contra times pequenos.

  1. O medo estampado nas cabeças e pernas dos nossos bravos guerreiros,
  2. A falta de indignação e de soluções do treinador diante do que vê em campo.
Com cinco minutos de jogo ontem eu escrevi no twitter: os caras estão apavorados.
Com vinte minutos de jogo eu avisei pelo whatsapp o que sentia desde segunda mas não queria acreditar e muito menos externar: estava com sensação ruim em relação ao jogo.
E quando tenho esta sensação, em 95 % das vezes o Grêmio não ganha. 

Certo que Luan, especialmente, mais Everton e Giuliano, também fazem muita falta neste time. (Aliás, um parêntese: onde estão aqueles corneteiros sem noção que ou no campo ou aqui enchiam o saco que os três não jogavam nada?) Mas a ausência deles não justifica o que se tem visto em campo. Não totalmente.

Dois profissionais personificam o que se observa em campo: Roger e Maicon.

Roger é um sujeito inteligente, é muito inteligente. Roger é estudioso, muito estudioso. Roger é trabalhador e está conectado com o que tem de mais moderno no futebol. Não tenho nenhuma dúvida que logo ali na frente se consagrará e ganhará muitos títulos. Gostaria muito que fosse no Grêmio. Mas há um pequeno detalhe faltante para que isto aconteça. Ou dois.
Falo olhando de fora, mas dificilmente estou enganado. Falta humildade ao Roger para reconhecer que ele ainda não é o cara que poderá vir a ser. Roger tem mostrado arrogância. E falta cercar-se de gente capaz de cobrir suas deficiências. Sim Roger, deficiências. Todo ser humano tem pontos fortes e fracos. Porque tu não terias? E quais são as deficiências? Duas aparecem gritantemente: má leitura de jogo, o que acaba em substituições equivocadas, e capacidade de tranquilizar o grupo diante dos desafios.
Não advogo a saída do Roger. Por várias razões. A mais importante é que o Brasil é um deserto de bons treinadores. Não enchem uma mão e estão todos empregados. E treinador estrangeiro é besteira. Não dão certo nunca. Mas gostaria muito que alguém da direção chutasse a porta do vestiário e impusesse algumas coisas lá. Uma delas sendo a alocação de profissionais capazes de suprir as deficiências do treinador. Quer ele goste, quer não.

Maicon é um belo jogador de futebol. Poucos volantes aliam poder de marcação e saída de bola qualificada como ele. Mas Maicon está queimado com a torcida. E por que? Porque alguma sumidade decidiu que ele seria o capitão. E Maicon é tudo menos capitão. Muito menos capitão de um time com a alma do Grêmio. O DNA do tricolor tem um componente sanguíneo muito forte. Dizem que fomos fundados por alemães. Desconfio que por italianos também. Temos no DNA e no sangue a indignação e a garra de vencer lutando. As grandes conquistas do clube mostram isto. Nunca fomos campeões por termos um time muito melhor do que os outros. Nunca vencemos passeando. Vencemos com luta, com garra, e até com sangue rolando da cabeça de nosso capitão. Então, alguém escolhe Maicon de capitão. Capitão depressão. Pegou a alcunha. Se ferrou. Urge trocar de capitão. Pode ser o Edílson. Pode ser o Geromel. Pode até ser o Wallace Reis que tem se revelado um belo zagueiro. Mas não pode ser mais o Maicon. Para o bem dele e, consequentemente, do time.

Então, eu volto ao começo do post. O Grêmio parece ter um vestiário muito água morna. Um vestiário onde falta indignação e coragem. Indignação e coragem verdadeiras e não aquela de discursos inflamados em rádios pré e pós jogo que se revelam bravatas dentro de campo. Um time indignado e corajoso que busque algo mais no campeonato não pode jogar especulando uma bola contra o lanterna, mesmo fora de casa. E um time indignado e corajoso não tremeria de medo diante do vice-lanterna jogando em casa. Não aos 5 minutos de jogo de uma forma tão evidente que todos puderam ver. A bola não pode queimar tão cedo. E muito menos o time todo correr feito barata tonta como se estivesse prestes a ser esmagado. Não contra o Santa Cruz.

Não. O Grêmio está há um ponto da liderança apenas. Mas o Grêmio não será campeão. Não será. Menos pelas deficiências do time, que existem mas são sanáveis, mas pela falta de coragem. Daria tempo ainda de mudança, mas para isto precisaria alguém que enquadrasse Roger com algumas ações.
Por exemplo:
Vendendo Marcelo Oliveira para que este não fosse mais escalado.
Sentando ao lado do treinador e dizendo que Negueba não vai substituir a contento Giuliano se ficar parado na lateral do gramado.
Passando dia sim e outro também jogos e mais jogos com conquistas de títulos do Imortal.
Lembrando estes moloides que o tricolor já ganhou um jogo com 7 contra 11, o que ninguém mais fez no mundo.
Fazendo talvez menos treino de campo e mais de divã.
Proibindo o discurso de que pontinho fora é bom.

Mas não. Isto não será feito, porque o futebol virou um império dos treinadores e dos jogadores. E, claro, dos empresários. Eles tudo sabem e tudo podem. E aí de quem cogitar de enfrentá-los.

Enquanto isto, nós torcedores ficamos aqui discutindo e brigando com a vida.