1 de fevereiro de 2017

Clubes reféns

Por Cesar Cidade Dias



Grêmio vendeu Wallace, volante titular da seleção olímpica que conquistou a medalha de ouro, por 10 milhões de euros. Segundo informações da imprensa, o time gaúcho colocou nos seus cofres 6 milhões de euros, cerca de 20 milhões de reais. O jogador vai atuar no Hamburgo, da Alemanha, e garantir o seu sonho de jogar na Europa.
Essa é uma página comum no noticiário dos clubes brasileiros. Uma repetição de histórias rigorosamente iguais. Mudam... os endereços, as cores, alguns valores, mas o resumo é sempre o mesmo. Os clubes brasileiros não conseguem fazer valer o seu direito com relação aos seus jogadores e respectivos contratos. A vontade momentânea do atleta avança sob o que foi assinado e os clubes se obrigam a abrir mão dos seus direitos.

Wallace impôs, seus empresários buscaram outro caminho e o Grêmio apenas teve que concordar. Os bastidores deixam tudo ainda mais triste. Um planejamento se foi em nome da pressão. O Grêmio nada pode fazer, sob pena de perder o controle sobre um ambiente que não consegue dominar. Nenhum clube domina, diga-se de passagem.
O sistema é assim. Os clubes são obrigados a cumprir o que assinam, mas os jogadores e seus representantes, mesmo um dia após assinarem esses contratos, buscam novos caminhos e oportunidades. E, se conseguirem algo melhor, esquecem o que assinaram e pressionam, ameaçam e saem, quase que invariavelmente, por menos do que previa o contrato antes assinado com o clube que, ontem, “amavam”.
Muitos dirão que a “culpa” está na gestão destes clubes, mas isso não é verdade. Os clubes brasileiros viraram reféns da estrutura do esporte. O Brasil ficou muito longe do topo da “pirâmide financeira” do futebol e a legislação não protege os contratos firmados pelos clubes. Logo, basta aos dirigentes apenas suplicar pelo amor e respeito dos seus principais jogadores. E isso, convenhamos, é muito pouco para uma estrutura tão profissional como o futebol. Está na hora de defendermos, também, os clubes brasileiros. Respeitar o que está escrito e assinado talvez seja um bom começo.