27 de abril de 2017

Daniel Matador - Goleada libertadora em noite fria

Grêmio 4 x 1 Guaraní

Barrios foi o artilheiro da noite na Arena, anotando 3 gols (foto: Lucas Uebel)

Caros

Os olhos tricolores voltam-se única e tão somente para a Libertadores da América a partir de agora. Essa obsessiva necessidade de estar presente e disputar a mais épica competição do continente é o que move o espírito gremista ano após ano. E nesta noite foi revivido o confronto de 1997 contra este mesmo Guaraní, neste mesmo torneio. Quem viveu aquela época lembra a vitória tricolor por 1x0 no Olímpico que encaminhava a partida para os tiros livres diretos da marca penal (após a vitória aurinegra por 2x1 no jogo de ida, disputado no Paraguai).

O árbitro havia expulsado o zagueiro Luciano aos 28 do primeiro tempo, mas mesmo jogando com um a menos, o time abriu o placar com Paulo Nunes aos 18 do segundo tempo. Até que, aos 41 do segundo tempo, os paraguaios empataram o jogo em uma improvável falha do gigante Mauro Galvão, resultado que eliminava o Grêmio. Partindo para o desespero, Rodrigo Graal anotou o segundo gol nos acréscimos, aos 47, levando a decisão para as cobranças penais. E aí foi um show de horrores. Todo mundo errava e ninguém conseguia marcar gol. Os paraguaios só acertaram uma cobrança e o Grêmio acertou duas, conseguindo a classificação de forma sofrida. Detalhe: os únicos que acertaram as cobranças foram Dinho e Arce, os mesmos que haviam errado contra o poderoso Ajax na decisão do Mundial Interclubes.

Vinte anos depois, o Guaraní voltava para enfrentar o tricolor, desta vez na majestosa Arena. Sem Michel (expulso na última rodada), Maicon e Edilson (todos recuperando-se de desconfortos musculares), Renato, sabe-se lá por quais motivos, resolveu escalar Jaílson no meio, preterindo Arthur. Léo Moura foi deslocado naturalmente para a lateral e Lucas Barrios foi para o ataque.

1º tempo: Grêmio 3 x 1 Guaraní

Nos primeiros 3 minutos, dois arremates de longe do Guaraní. Só que, aos 7 minutos, após boa trama entre Léo Moura e Luan, este cruzou na área e Barrios escorou para abrir o placar! Aos 10, após rebote da defesa paraguaia em uma cobrança de escaneio, Miller chutou e quase ampliou. Ele mesmo acabou sentindo dois minutos depois e Arthur acabou, mesmo que de maneira inusitada, entrando em campo. A partir daí, o jogo começou a ficar mais cadenciado e sem grandes oportunidades. Mas, aos 28, em grande jogada de Marcelo Oliveira pela esquerda, Barrios recebeu o cruzamento, livrou-se do zagueiro e ampliou!

Só que, aos 34, um lance bisonho proporcionou ao Guaraní descontar. A bola foi cruzada na área, quicou no chão, resvalou no peito de Léo Moura e encobriu Grohe, que também teve certa parcela de responsabilidade no lance. Aos 40, em grande troca de passes, Arthur invade a área e é derrubado. Pênalti de concurso que o árbitro anota. Luan bateu cruzado e o goleiro defendeu. Algo inadmissível numa Libertadores. Aos 45, após entrada faltosa em Barrios, Camacho foi expulso. Confusão em campo e o próprio Barrios, juntamente com Arthur, foram amarelados. Aos 48, após cobrança de escanteio de Léo Moura, Geromel cabeceou e anotou o terceiro!





2º tempo: Grêmio 1 x 0 Guaraní

Logo aos 2 minutos, Pedro Rocha cruzou para Luan, que tentou um voleio, mas a bola subiu e foi para fora. Aos 14, Marcelo Oliveira recebeu na esquerda, driblou o zagueiro e chutou. A bola lambeu a rede pelo lado de fora. O tricolor cozinhava o Guaraní em banho-maria, aproveitando a vantagem numérica. Mas isso deixava o jogo modorrento. Aos 27, Luan saiu para a entrada de Lincoln.

Aos 33, a consagração do centroavante: Barrios recebeu de Lincoln na entrada da área, disputou com o zagueiro e fuzilou o arqueiro paraguaio para marcar seu terceiro gol no jogo e o quarto do Grêmio. Na sequência, o artilheiro da noite saiu ovacionado para a entrada de Everton. Aos 40, Arthur sentiu a coxa e saiu. Como as 3 substituições já haviam sido feitas, o time ficou com 10, emparelhando a quantidade de atletas. Aos 41, chute perigoso do lateral direito do Guaraní, que passou rente à trave direita de Grohe. Aos 44, Kannemann engatou uma quinta marcha e foi até a área do Guaraní, quando tentou cavar uma penalidade. E a partida terminou com goleada gremista.



Como jogaram:

Grohe: por mais que alguns achem que não, falhou no gol contra. Era uma bola defensável. Nota 5
Léo Moura: cobrou o escanteio que originou o gol de Geromel. Rateada grande no gol contra e alguns apagões. Nota 5
Geromel: o gigante de sempre na zaga. Dessa vez, fez até gol. Nota 9
Kannemann: é um buldogue que não perde viagem. Nota 8
Marcelo Oliveira: uma de suas melhores partidas, ofensivamente falando. Grande assistência para o gol de Barrios. Ainda assim, algumas falhas defensivas. Nota 6
Ramiro: boa jornada na volância. Nota 7
Jaílson: até saiu-se bem, apesar das atuações irregulares que vinha apresentando. Nota 6
Miller: saiu logo no início do jogo. Sem nota
Pedro Rocha: muita movimentação, mas sem grande inspiração. Nota 5
Luan: tem talento, é inegável (o cruzamento para o gol de Barrios mostra isso). Porém, algumas ações não ajudam. Perder pênalti numa Libertadores é inadmissível. Hoje não foi a noite dele. Nota 5
Lucas Barrios: grande partida, postura de centroavante. Cavou até a expulsão de Camacho. O nome do jogo. Nota 10

Arthur: entrou no lugar de Bolaños. Boa atuação, inclusive sofreu o pênalti desperdiçado por Luan. Sua titularidade é questão de tempo. Nota 8
Lincoln: entrou no lugar de Luan. Deu a pifada para Barrios anotar o quarto gol. Nota 6
Everton: entrou no lugar de Barrios, mas o jogo já encaminhava-se para o final. Sem nota

Renato Portaluppi: surpreendeu todos com a entrada de Jaílson, mas o garoto não comprometeu. Conseguiu montar um esquema para encaixar Barrios e orientou o time a cozinhar o jogo no segundo tempo para preservar-se. Nota 8

Arbitragem: o argentino Patrício Loustau foi o apitador, auxiliado por seus conterrâneos Hernan Maidana e Gustavo Rossi. Acertaram na expulsão de Camacho e não atrapalharam o jogo.

Esta vitória garantiu a liderança isolada do grupo ao Grêmio. Não apenas isso: o tricolor também é dono da melhor campanha geral entre todas as equipes da Libertadores da América. Poderia ter utilizado a vantagem de ter um jogador a mais para agredir o adversário de forma mais incisiva. Ainda assim, não dá para desconsiderar uma vitória dessas. Dá para levar fé nessa Libertadores.

Saudações Imortais